Conveniência de Preparo Para a Administração Pública
14 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: as Universidades Imperiais no Japão, Ena na França, Escola Fazendária na Alemanha, tradição chinesa para mandarins, Universidades nos Estados Unidos
Os principais países do mundo se preocupam com a formação dos seus dirigentes que, mesmo com exceções honrosas, necessitam de conhecimentos que habilitem a lidar com os grandes problemas que afetam a todos, contando com conexões políticas para tanto.
Na China houve períodos em que os chamados mandarins, muitos eunucos treinados adequadamente, eram encarregados da administração a partir da chamada Cidade Proibida
Ainda que não exista nenhuma garantia de uma eficiente administração com o treinamento de pessoal especializado, desde a antiga China havia uma preocupação com o assunto, de forma que muitos dos chamados mandarins chegaram a ser eunucos preparados para ajudar o imperador a administrar a China a partir da Cidade Proibida, dispondo de grande poder.
Mais recentemente, muitos dirigentes chineses costumam ter origens nas grandes universidades do país, como a Tsinghua. Depois vão exercer diversas posições nas administrações regionais, e com os resultados obtidos podem chegar à cúpula nacional em Beijing, sempre dentro da estrutura do Partido Comunista Chinês.
Algo similar aconteceu no Japão quando, desde a Era Meiji, as universidades Imperiais, como a de Tokyo, se destinavam ao preparo da elite dirigente do país, tanto no Excecutivo, Legislativo e até no setor privado. Muitos acumularam conhecimento nas suas carreiras até chegarem ao exercício das funções políticas.
Na Europa, a França é famosa por contar com a ENA – Ecole Nationale de Administration onde muitos primeiros-ministros de diversos partidos, dos conservadores até socialistas, estudaram. Depois, exerceram carreira no Executivo, como o de inspetor de finanças os melhores se destinavam às atividade políticas, chegando aos postos máximos dirigentes do país. Na Alemanha, é famosa a Escola Fazendária, que ajudou a estabelecer no Brasil a Escola de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda.
Na estrutura que cuida da segurança nacional, existem muitas escolas, como as de aperfeiçoamentos de oficiais, que os habilitam à promoções. Só depois de terem o curso de Estado Maior, podem chegar ao generalato. Alguns chegam a fazer a Escola Superior de Guerra que não é restrita a militares.
Esta e muitas outras experiências que se espalham pelo mundo indicam que existem conhecimentos mínimos que seriam convenientes para os que pretendem dirigir o país. Estes cursos também permitem estabelecer conexões com os recursos humanos que estão sendo formados nos Estados bem como nas regiões. Sem o acúmulo de conhecimentos e experiências, salvo honrosas exceções que confirmam a regra, a administração de um país complexo como o Brasil acaba ficando difícil para qualquer pessoa.
Além do conhecimento de problemas setoriais e suas relações sistêmicas, as conexões pessoais e o desenvolvimento de uma especial habilidade para a escolha de auxiliares acabam sendo fatores importantes para o sucesso. Mesmo que se admitam que estas qualidades podem ser inatas ou adquiridas por muitos com suas vivências, há que se admitir que um mínimo de conhecimento sempre facilita a aceleração deste processo.
Verificando a experiência de diversos dirigentes que obtiveram sucesso no Brasil, muitas vezes constata-se que houve uma longa preparação, incluindo de uma equipe, ainda que isto não seja uma garantia, mas poderia ser uma condição desejável.