Estímulos dos Bancos Centrais Provocam Guerra Cambial
9 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo de Brian Blackstone no Wall Street Journal, desvalorizações cambiais, guerra de soma zero, publicado em português no Valor Econômico
O chamado Quantitative Easing que começou nos Estados Unidos, depois adotado no Japão e agora na Europa, provoca uma verdadeira guerra cambial no mundo, envolvendo diversos países, ainda que seu objetivo inicial tenha sido o estímulo para a recuperação de suas economias, como já tem sido alertado por este site.
Ilustração constante do artigo original no The Wall Street Journal
Os bancos centrais do G-20 estão reunidos em Istambul na Turquia para discutir a economia mundial, inclusive a do Brasil. Mais da metade já tomaram medidas para estimular a recuperação de suas economias, tendo começado nos Estados Unidos, e seguidos pelo Japão e pela Europa. Outros países como o Canadá e a Austrália também tomam medidas para não se tornarem sem condições de competição no mercado internacional.
Como efeito, estas políticas denominadas de quantitative easing acabam provocando a desvalorização de suas moedas, facilitando as exportações e dificultando as importações, mas que no global acabam sendo de soma zero. Os países que ainda tinham taxas de juros positivos provocaram a sua redução.
O caso mais dramático foi o da Suíça, que acabou retirando a sua margem de flutuação, mas, mesmo com uma valorização brutal de seu franco suíço, continua sofrendo um influxo de recursos do resto do mundo, onde todos procuram segurança, diante das incertezas que aumentam no planeta. Estes fluxos financeiros introduzem aumento das incertezas, sendo em cifras muito mais elevadas que dos comércios externos.
Os países que não possuem uma aceitação internacional de suas moedas acabam enfrentando problemas, como acontece com os emergentes que não têm mais margens para a redução de suas taxas de juros. Ainda que esta guerra se mantenha pacífica, não terá condições de ser sustentada por muito tempo, exigindo que as autoridades cheguem a um razoável equilíbrio cambial entre as principais moedas.
Os efeitos não são uniformes em todos os países, havendo os que necessitam de financiamentos externos, como o Brasil, que acabam sendo facilitados nestas operações, mas que afetam o seu comércio externo, que é o relevante para a manutenção do emprego e de suas possibilidades de crescimento econômico.
O fato objetivo parece ser que o simples aumento da circulação destas moedas não pode ser um santo remédio, que não apresente custos significativos para as diversas economias. Eles estão adquirindo títulos no mercado, provocando a redução de suas rentabilidades, o que não induz ao aumento das poupanças que possam suportar os investimentos de prazo mais longo.
Não existe milagre em economia, pois se assim não fosse tudo seria muito simples. Existem limitações que necessitam ser respeitadas, ainda que possa haver um tempo para que as cobranças surjam. E também limites para imposição de medidas dos mais poderosos sobre os mais fracos.