Graves Problemas Entre Produtores de Petróleo e Gás
3 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Política | Tags: as violentas flutuações do mercado de petróleo e gás, grandes países com produções custosas com problemas, os problemas dos produtores com o aproveitamento do xisto
A exploração do xisto para a produção de petróleo e o gás nos Estados Unidos, que se imaginou como uma grande solução para a sua autossuficiência, acabou gerando grandes problemas com muitas falências em andamento.
Técnicas de fraqueamento utilizados nos Estados Unidos.
A descoberta das técnicas de fraqueamento das rochas de xisto (shale) nos Estados Unidos criou um verdadeiro “boom” na sua exploração e produção, passado aquele país de importador para exportador de petróleo e gás, num curto espaço de tempo. Muitos acreditavam que eles eram altamente rentáveis, como nas zonas melhores realmente o eram. Muitos contraíram empréstimos e os bancos os financiavam num verdadeiro movimento de manada, supondo que isto levaria aquele país para a autossuficiência.
O fato concreto é que o substancial aumento de sua oferta, acrescentando-se as outras fontes de produção, levou a queda brutal dos preços de petróleo, que giravam acima de US$ 100 por barril, para menos de US$ 45 em curto espaço de tempo. Como acontece nestes movimentos que costumam ser por um período relativamente curto, tanto as autoridades norte-americanas como a OPEP resolveram não tomar providências, esperando que o ajustamento se desse por si. Especialmente num período em que a economia mundial não está muito brilhante.
Isto implica na falência de muitos que estão com eficiência mais baixa, sobrecarregados de financiamentos. Até países como a Rússia, a Venezuela e a Argentina enfrentam graves problemas, que também atingem o Brasil, mesmo no pré-sal. Os retornos que se esperavam elevados resultaram até em prejuízos, que terão que ser resolvidos pelas falências.
Os produtores, além de perderem parte dos seus patrimônios que foram investidos nestas atividades, nem sempre contam com recursos para honrarem as dívidas contraídas. Os que podem estão vendendo outros ativos ainda atraentes, pois os bancos se retraíram e não fornecem mais créditos temendo o aumento de inadimplências.
Muitos artigos estão sendo publicados na imprensa internacional sobre o assunto. Não se trata somente dos pequenos e médios produtores de petróleo e gás a partir do xisto. Até as grandes e tradicionais empresas multinacionais de petróleo e gás passam por dificuldades com uma queda tão forte em curto prazo. As maiores como a Royal Dutch Shell e a Devon Energy também estavam animadas com os altos preços, e agora precisam se ajustar à dura realidade de mais de 50% de queda nos mesmos.
As estimativas são de que a volta para o nível de US$ 100 deve ser mais demorado do que se espera. Os que estavam se considerando multimilionários está assistindo a seus ativos se esvaírem, quando não sujeitos às falências.
Tudo isto vem demonstrando que as atividades econômicas estão sujeitas às fortes flutuações, e nos períodos bons há que diversificar as atividades, pois não existem meios para se assegurar os momentos de queda, nem a sua magnitude ou a duração. Também as situações adversas não costumam ser permanentes, podendo ocorrer a recuperação que também não é certa.