Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Protesto do Embaixador Sul-Africano no Japão

15 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a liberdade de pensamento, coluna de Ayako Sono elogiando a apartheid, protesto ao jornal Sankei Shimbun, recomendação de pessoas de raças diferentes evitarem casamentos

clip_image001Um inusitado artigo publicado no Sankei Shimbun pela colunista Ayako Sono motivou um protesto do embaixador da África do Sul diante da defesa de uma posição similar ao do apartheid.

Artigo de Ayako Sono no Sankei Shimbun provoca protesto

É difícil de acreditar que uma personalidade como Ayako Sono, que foi nomeada pelo primeiro-ministro Shinzo Abe para a reforma da educação no Japão em 2013, tenha defendido num artigo publicado na sua coluna no jornal conservador Sankei Shimbun que expressa uma posição semelhante ao da apartheid. Considerando a imigração de estrangeiros ao Japão, ela escreveu que pessoas pertencentes a diferentes raças como brancos, asiáticos e africanos não deveriam se casar umas com as outras, devendo viver com a segregação racial como que existia na África do Sul.

O protesto do embaixador Mohau Pheko afirma que o apartheid foi considerado um crime contra a humanidade e não pode ser justificado no século 21, e a edição da discriminação com base na cor da pele é inaceitável em qualquer país. O assunto originou-se da necessidade do Japão contar com imigrantes estrangeiros para atender as necessidades dos seus idosos.

Segundo Ayako Sono, “os seres humanos podem fazer tudo junto nos negócios e pesquisas de esportes. Mas é melhor separar os aposentos”, segundo o artigo publicado no The Japan Times, com base no despacho da agência Kyodo. Esta questão é tão grave que exige uma consideração de todas as circunstâncias com muita cautela. Ela foi criticada no Twitter por muitos que chamaram a sua posição de mau gosto e que os com opiniões contrárias estariam envergonhados, para não afirmarem que ela teve uma atitude racista.

Um executivo do Sankei Shimbun, Takeshi Kobayashi, disse que a empresa publicou afirmando que esta posição era pessoal da colunista. Também que estas discriminações como de raças eram intoleráveis. Publicaram como opinião dela, acreditando natural que haja opiniões contrárias.

Examinando-se o que pode ser encontrado sobre ela na Internet, nota-se a menção que é uma escritora católica com muitos livros publicados, inclusive traduzidos no exterior. Qualquer pessoa pode ser conservadora, mas não parece adequado fazer qualquer menção ao apartheid, notadamente para uma personalidade com importância na literatura e que esteja ligada aos problemas educacionais.

Como estas questões educacionais hoje extravasam os limites de um país, num mundo que cada vez mais se globaliza, parece que os conservadores japoneses necessitariam de reflexões mais adequadas, sabendo que seus pensamentos podem repercutir em todo o mundo.