A Difícil Calibragem de Uma Economia Como a Chinesa
9 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo do Nikkei Asian Review informa as dificuldades chinesas para o soft landing, conseguir atingir as metas é sempre difícil., o que vem acontecendo com algumas autoridades locais
Numa economia gigantesca e emergente como a da China, onde as autoridades locais controlavam parte importante dos investimentos, sempre foi difícil controlar o crescimento e agora a sua redução.
Gráfico que ilustra o artigo publicado no Nikkei Asian Review
Ainda que a China seja um país emergente, onde o Partido Comunista comanda muito de sua economia, politicamente autoritário, as 31 autoridades locais, províncias, municípios controlados diretamente e regiões autônomas contavam com muita liberdade para promover os investimentos, principalmente em infraestrutura, que determinavam o elevado crescimento da economia chinesa nas últimas décadas.
Seus administradores eram avaliados pelos crescimentos obtidos, mas agora, dentro do novo normal, eles precisam controlar a sua redução, diante dos muitos problemas enfrentados. Os endividamentos destas autoridades comprometem o precário sistema financeiro chinês, as poluições são exageradas, existe capacidade ociosa nas indústrias e muitas habitações estão sem uso. As autoridades nacionais perseguem um crescimento para 2015 de 7%, mas esta calibragem não é fácil de ser obtida, podendo haver uma desaceleração mais acentuada.
O artigo do Nikkei Asian Review informa que algumas destas unidades locais já tiveram um crescimento de 4,9% em 2014, como na província de Shanxi, e muitas ficaram abaixo da média nacional de 7,5%. Os seus endividamentos são elevados e as autoridades centrais cortaram as formas delas obterem recursos. O risco que estas administrações locais não consigam chegar à média nacional almejada existe, pois seus administradores passaram a serem avaliados por outros critérios, como a taxa de emprego, segurança alimentar e higiene pública, informa o artigo.
Esta austeridade fiscal pode ficar exagerada, ainda que existam mecanismos para acompanhar o que esteja ocorrendo com as principais unidades locais na China. Ainda que sua economia não seja totalmente comandada pelo setor privado, os que possuem alguma experiência em países com grandes diferenças regionais sabem o quanto é difícil conseguir esta calibragem.
Isto preocupa países como o Brasil ou a Índia onde outros fatores, como a política e as necessidades de segurança, ou até mesmo a disponibilidade de recursos provenientes do exterior, no atual mundo conturbado, tenham problemas como o da China, ou até mais graves. E em países que são mais democráticos.