Aumento das Dificuldades Com as Manifestações Populares
18 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no site da Bloomberg, documentos apócrifos internos do governo, observações em entrevistas nos jornais
Qualquer pessoa mediana entende que a política econômica de correção macroeconômica do governo Dilma Rousseff está sendo prejudicada pela evolução dos acontecimentos refletidos pelas recentes manifestações populares.
Manifestação popular na Avenida Paulista domingo passado
Um artigo publicado por David Biller no site da Bloomberg informa que as dificuldades para a implantação da nova política econômica para ajuste do quadro macroeconômico do Brasil ficaram mais complexas diante de todos os fatos que motivaram as recentes manifestações.
Os diversos artigos que estão sendo publicados na imprensa internacional também acabam criando um clima desfavorável, principalmente quando se discute os rating que deverão ser estabelecidos para os riscos brasileiros. Os financiamentos internacionais indispensáveis já se tornaram mais difíceis, principalmente quando se cria a expectativa de elevação dos juros nos Estados Unidos.
Também internamente estão sendo concedidas entrevistas como a do ex-diretor do Banco Central do Brasil, Mário Mesquita, para o Valor Econômico, que aponta as dificuldades adicionais para o ministro Joaquim Levy, ainda que procurando manter uma cautelosa posição otimista. Todos sabem que o Congresso não se mostra sensível a apertos adicionais que se tornaram indispensáveis, com cortes de despesas bem como elevação das receitas, além das elevações dos juros.
A qualidade e dimensão das dificuldades não parecem estar devidamente avaliada pelo governo, que tende a entender que só existem problemas de comunicação que podem ser superados, como os apresentados apocrifamente por elementos possivelmente ligados ao próprio governo, como um fogo amigo, que foi apresentado pelo jornal O Estado de S.Paulo.
No clima atual, a sociedade brasileira está profundamente dividida entre os minoritários que apoiam, bem ou mal, o governo e a maioria que lhe faz uma oposição sistemática. Os resultados das avaliações da Dilma Rousseff feitas pela Datafolha e hoje divulgados no jornal Folha de S.Paulo mostram um quadro preocupante, com uma abrupta elevação para 62% dos que a consideram ruim ou péssima, quando era bem menor no final do ano passado.
Mesmo tentando manter uma cautela imaginando toda esta poeira tende a baixar um pouco com o tempo, novas manifestações estão sendo programadas, enquanto o governo não conta com muitos recursos para neutralizá-las. Não é uma situação muito confortável para o governo, mas também alternativas são difíceis de serem formuladas.