Bloomberg Também Acha Exageros nos Startups
21 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: desconfianças com avaliações de bilhões de dólares em empresas virtuais, potencialidades não significam realidade até serem comprovados, uma moda exagerada com base no Vale do Silício
Eu achava que estava ficando maluco, pois não concordava que muitos investidores aceitassem avaliações de bilhões de dólares para empresas virtuais que só existiam nas suas potencialidades, mas a mesma ideia já está sendo expressa num artigo publicado no site da Bloomberg.
Michael Bloomberg, fundador do Bloomberg
Depois de muito trabalho na formação do Bloomberg, que se tornou um dos mais importantes na comunicação social voltada para os mercados financeiros, Michael Bloomberg tornou-se o governador do Estado de Nova Iorque, e voltou para dirigir o grupo, que agora já tem uma importância mundial depois de muitas décadas.
Eu achava estranho que muitas empresas lançadas sobre ideias brilhantes, nascidas principalmente no Vale do Silício, evidentemente com elevado potencial virtual, recebessem o suporte de investidores interessados nos chamados startups, alcançando em pouco tempo valores cotados em bilhões de dólares. Agora, um artigo publicado por Sarah FrierEric Newcomer no site da Bloomerg sobre esta febre maluca que cota mais de 50 empresas novas em mais de um bilhão de dólares, criando novos bilionários virtuais, onde os riscos são extremamente elevados, mostra que só pode ser realmente uma loucura.
O artigo relata o caso de Steward Butterfield, que lançou a Techonologies Slack para levantar US$ 120 milhões, para quebrar uma avaliação que considerava a cifra de US$ 1 bilhão para este startup. Inventou-se o conceito de “unicórnios” para mostrar que estes casos são extremamente raros, senão inexistentes. Pelo visto, existe muita gente acreditando que vai acertar numa loteria, quando a sua probabilidade é extremamente baixa, ainda que exista.
Sou daqueles céticos, apesar de otimista, que não acredita que uma Alibaba possa ser a recordista mundial de uma IPO, que fracassou no lançamento em Hong Kong e obteve aprovação em Nova Iorque. Ainda que seja uma empresa importante no comércio online na China, era previsível que encontrasse problemas para a repetição do seu sucesso nos mercados norte-americanos e em muitos outros países. Hoje, está sendo sendo alvo de acusações de comercializações de produtos que não são autênticos, para não dizer que são falsos, ainda que utilizem grifes conhecidas até internacionalmente. Devem arcar com pesadas punições, pois com a Justiça norte-americana não pode se brincar.
É preciso convencer o mercado que milagres são extremamente raros e não se encontram na praça para atender os que imaginam que podem se tornar bilionários do dia para a noite, sem trabalhar muito. Mesmo que algumas ideias sejam brilhantes, há muito trabalho para as transformar em realidade, que exige a execução de muitas tarefas que demandam muito tempo, não sendo coisa que possa ser concebida simplesmente num computador.
Muitos continuam sendo verdadeiros “contos dos vigários”, onde algumas pessoas sonhadoras e até inescrupulosas conseguem dar uma vestimenta crível para potenciais investidores que acreditam em Papai Noel. Ainda existem, infelizmente, os que acreditam em castelos de cartas, como se fossem coisas sustentáveis ao longo do tempo.
Montar um sistema de seguro para estes elevadíssimos riscos não é coisa que seja possível no campo das ciências atuariais, pois envolvem custos elevadíssimos nos chamados prêmios. As distribuições destes riscos não são normais, mas extremamente concentrados.
O artigo na Bloomberg informa que existem operadores especializados em conseguir grandes descontos nos lançamentos de algumas IPOs, e rapidamente com grandes lucros repassam estes para investidores ingênuos, que acreditam que estas novas empresas vão proporcionar resultados empresariais importantes. Pode ser que algumas consigam, mas na sua grande maioria estarão sujeitas aos fracassos naturais a qualquer empreendimento novo.
Seria interessante que todos os que desejam participar destas operações estejam conscientes de todos os riscos envolvidos, pois o futuro costuma ser sempre opaco.