Considerações Sobre a Geração de Energia Limpa no Brasil
5 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: as condições no Brasil, os problemas que ocorreram na Alemanha e na Itália, um artigo sobre energia limpa no Project Syndicate
Diante da eminente crise de energia elétrica no Brasil, como as termoelétricas são custosas e poluentes, há que se imaginar as possibilidades brasileiras com as energias solares e eólicas.
Energia solar ainda é incipiente no Brasil Energia eólica poderia ser mais explorada
As atuais restrições das energias hidroelétricas no Brasil estão forçando as considerações alternativas de energias solares e eólicas no país, que apresenta condições e localizações convenientes. Apesar da abundância de recursos hídricos brasileiros, as suas potencialidades estão hoje concentradas na Amazônia que está distante dos principais centros consumidores e apresenta pequenos desníveis que acabam exigindo grandes extensões para os represamentos indispensáveis.
Os suprimentos com as termoelétricas que estão sendo produzidos nesta emergência são de custos elevados e poluentes, quando estamos falando de um país predominantemente tropical, com elevada incidência solar e abundância de ventos regulares.
Um artigo publicado por Jon Creyts, diretor gerente do Rocky Mountain Institute e Martin Stuchtey, diretor do McKinsey Center for Business & Environments, divulgado pelo Project Syndicate, mostra otimismo com a tendência mundial, apesar dos problemas que ocorreram na Alemanha e na Itália que provocaram a sua redução temporária. Mas informam que o Reino Unido apresenta uma tendência positiva na Europa, havendo novas instalações na China e no Japão. A Agência Internacional de Energia, que tem sido conservadora, estima que em 2050 a energia solar seja principal fonte no mundo desta preciosa utilidade, tornando-se viável do ponto de vista empresarial.
Cada um de nós brasileiros devemos dar a nossa pequena contribuição, pois captações residenciais ou de edifícios comerciais estão se tornando viáveis, ainda de forma complementar. Grandes projetos de energia solar são possíveis de serem estimulados, além de pequenas complementações empresariais como já estão sendo cogitadas. E todos acabam ficando próximos dos grandes centros de consumo, ainda que haja uma interligação quase nacional da energia elétrica, mesmo com suas deficiências.
Parece que os brasileiros, muito preocupados hoje com o abastecimento de água nos grandes centros urbanos, não estão se dando conta que a energia termoelétrica é mais poluente e de custo mais elevado, contribuindo mais para as irregularidades climáticas.
Outro aspecto incompreensível é a falta de aproveitamento da energia eólica, que é muito regular na média brasileira. Com uma costa de 8 mil quilômetros, os ventos diurnos predominantes são do território brasileiro para o mar durante o dia, dada as diferenças de temperaturas. À noite, acaba predominando uma inversão, com os ventos vindos do mar para a terra.
As tecnologias hoje disponíveis estão permitindo um melhor aproveitamento destas energias em baterias eficientes de lítio, para atender os períodos de maior demanda, bem como os equipamentos para as captações de ambas as energias, solar e eólica, continuarem melhorando. Financiamentos e incentivos devem ser providenciados com a máxima urgência, pois os nossos problemas continuam críticos com as irregularidades climáticas. As nossas principais represas na região Centro Sul e Nordeste continuam preocupantes, enquanto no Norte sofremos inundações.
Também ainda são pouco utilizadas as tecnologias de economia de consumo possíveis com o chamado smart gride, que localiza os pontos de grandes desperdícios, que ainda caminham no Brasil de forma incipiente. Um experiente ministro, especialista em energia, sempre afirmava que a energia mais barata e menos poluente era a economizada. Espera-se que as dolorosas elevações dos preços da energia elétrica que estão ocorrendo proporcionem o duro aprendizado desta realidade, que não se resume na geração, mas na transmissão, considerando os períodos de pico da demanda atual que está se alterando de horário com a exagerada disseminação do conforto dos ares-condicionados ineficientes.
Há uma evidente necessidade de uma campanha nacional para melhor conscientização de todos os brasileiros sobre os problemas que estamos enfrentando, e as formas de suas soluções com o máximo de eficiência.