Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Preocupante Estado Islâmico

20 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo do The Economist sobre o problema, atração dos radicais sem muitas alternativas, dificuldades que podem se prolongar, os erros na avaliação do Estado Islâmico como mero terrorismo, otimismo inglês com a disputa entre sunitas e xiitas

clip_image001As brutalidades que são divulgadas pelo Estado Islâmico chocam o mundo, mas entender que são terroristas radicais não vem ajudando na sua contenção que pode ser demorada, pois atraem também radicais sem alternativas de diversas partes do mundo.

As chocantes execuções de reféns do Estado Islâmico

O mundo está cansado de assistir às chocantes execuções de reféns por parte do Estado Islâmico. Mas, lamentavelmente, estas cenas continuam provocando adesões de voluntários radicais que não visualizam alternativas em todo o mundo para as suas aspirações. O Ocidente, principalmente os Estados Unidos, errou ao diagnosticar o Estado Islâmico como um movimento de terroristas radicais, quando continua organizado como um verdadeiro Estado, dispondo de recursos para a continuidade de suas terríveis atividades, dominando importantes espaços do Iraque, da Síria e presentes em outras regiões.

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Mapa que ilustra a matéria publicada no The Economist

Um longo e detalhado artigo publicado no The Economist acena com a possibilidade do seu declínio com a luta entre sunitas e xiitas e os encargos de um califado, mas suas atividades acabam se estendendo até o norte da África. As chocantes divulgações das execuções dos reféns servem como publicidades de suas ações, sensibilizando radicais, ainda que também existam os que entendem que há exageros, não valendo a pena abraçar estas causas.

Estes conflitos étnico-religiosos são difíceis de serem controlados, como está se verificando em todo o mundo, exigindo também a participação do Irã. Não parece suficiente que o Ocidente continue apoiando os que os combatem, dando suporte de bombardeios para atingir seus núcleos, que podem ajudar inclusive nos danos das instalações petrolíferas, mas não resolvem. Há que se encarar como uma guerra envolvendo um Estado organizado, cortando todas as suas fontes de suprimento, bem como as suas vendas de petróleo que são as origens de muitos dos seus recursos.

O quadro no Oriente Médio complica-se com Israel ameaçando com o seu novo governo a até desrespeitar a decisão da ONU sobre a criação do Estado Palestino. Binyamin Netanyahu considerou a sua reeleição mais importante do que o mundo. Há que se conter sua agressividade com o Irã, que está ajudando nesta guerra contra o Estado Islâmico. Também as quedas dos preços do petróleo afetam muitos países da região, onde suas elites não contam com apoio popular que continua se subordinando às lideranças religiosas.

E os jovens radicais desesperados do mundo, com suas impotências, procuram ações espetaculares como os provocados pelo Estado Islâmico. Todos desejariam que as previsões do The Economist, com sua experiência na região, sejam as acertadas, mas fica-se com a impressão que estes problemas tendem a se prolongar por muito tempo, sendo difícil ter uma razoável segurança sobre as suas futuras tendências neste mundo cada vez mais conturbado. Vale a pena ler na íntegra o artigo publicado.

Os brasileiros que têm os seus problemas internos não parecem capazes de uma avaliação do que continua ocorrendo no mundo, que enfrenta problemas bem mais complexos e cruciais para a Humanidade. Diante do que está ocorrendo no mundo globalizado, as nossas dificuldades aparentam ser insignificantes, ainda que sejam importantes para nós. Parece que precisamos ampliar as nossas visões.