Os Países Desenvolvidos Também Têm Seus Problemas
9 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: os complexos problemas japoneses, os europeus podem enfrentar problemas semelhantes, os visitantes estrangeiros não os percebem, somente alguns estudiosos locais podem detectá-los
Uma professora de Economia da Universidade de Keio aponta algumas dificuldades japonesas detectáveis somente pelos locais que podem ser enfrentados também pelos europeus.
Sahoko Kaji, professora de Economia da Universidade de Keio
Esta consagrada professora da Universidade de Keio, que conta com muitas atividades internacionais, publicou um artigo no Financial Times sobre alguns problemas enfrentados pelo Japão que, segundo ela, só são percebidos pelos locais, e que podem ser repetir em países europeus.
Apesar dos turistas notarem nas grandes cidades os seus aspectos mais charmosos, também existem as misérias nos seus becos deixados por décadas perdidas, como no Japão, com deflação, estagnação e resistências às mudanças. Pode ser um aviso do que pode acontecer também na Europa, mas o que ela chama de japonização ainda não mostrou a sua face mais letal, segundo a autora.
Para os 60% dos que contam com emprego de tempo integral nas grandes cidades, 45% estão com idade superior a 50 anos e estão com os seus rendimentos assegurados. Eles não sofrem muito com a estagnação, pois suas aposentadorias estão garantidas com pequenas quedas reais. Seus padrões de vida são bons.
Mas nos efeitos colaterais desta japonização, os juros estão a zero. Se desejam comprar algo mais caro e precisam de empréstimos, os seus orçamentos não comportam seus custos. Para aqueles com emprego incerto, a taxa de suicídio na década dos 1990 foram 60% acima da média mundial. Os prejudicados não conseguem manifestar suas insatisfações. Os políticos voltados aos jovens são mínimos. E o estado geral não favorece a procriação.
Na pirâmide populacional, acaba levando a estimativa de 1,8 pessoa trabalhando por cada aposentado. A dívida pública chega a 240% do PIB. Com uma aparencia tranquila na superfície, não parece que a Abeconomics possa resolver os problemas, e a Europa tende a se tornar mais do tipo da sociedade japonesa.
O que pode se perceber é que um país cuja população está se reduzindo e envelhecendo rapidamente, acaba tendo que enfrentar graves problemas, ainda que os que vivem nos países emergentes demonstrem suas insatisfações, mas muitos ainda contam com os bônus demográficos que não devem durar por muito tempo.
Há que se encontrarem meios para superar estas dificuldades, sem se deixar dominar pelo pessimismo malthusiano, pois a humanidade já superou diversas fases em que os problemas pareciam insolúveis, mas com a sua criatividade acabou encontrando formas que permitissem contar com condições para a melhoria do nível de bem-estar da grande maioria.