Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Pesquisas Como da Datafolha

17 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: alguns dados surpreendem pela perigosa divisão, dificuldades para a conciliação, pesquisas informam melhor que as impressões

Os dados das pesquisas efetuadas pelo Datafolha nas manifestações públicas em São Paulo são considerados tecnicamente bons pela maioria dos analistas e fornecem informações, ainda que suas metodologias possam ser discutidas.

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Quadro ilustrativo publicado pela Folha de S.Paulo

Sou daqueles analistas que preferem imaginar que os participantes das demonstrações públicas que ocorrem em São Paulo não estavam tão divididos, mas as pesquisas da Datafolha mostram uma lamentável separação. É surpreendente que dos 210 mil estimados que estiveram na Avenida Paulista no domingo, 82% tinham votado no Aécio nas últimas eleições e 76% tivessem nível superior. Dos 41 mil que estiveram na sexta-feira, 71% tinham votado na Dilma, 44% eram funcionários públicos e 68% também possuíam nível superior. Certamente, não seriam amostras adequadas da população brasileira, mas do seu segmento mais privilegiado.

Dos do domingo, 47% estavam lá para protestar contra a corrupção e 27% pelo impeachment da Dilma, 41% tinham rendas superiores a 10 salários mínimos. Dos da sexta feira, 25% estavam contra a perda dos direitos trabalhistas, 22% pelo aumento dos salários dos professores, e 83% tinham rendas menores que 10 salários mínimos.

Ainda que a maioria absoluta concordasse com a democracia, suas avaliações sobre o Congresso Nacional não eram boas. Esta forte divisão dos dois grupos mostra que dos do domingo, 96% consideravam a avaliação do governo Dilma ruim ou péssimo, enquanto no de sexta feira esta classificação abrangia 26%. No domingo, 90% entendiam que Dilma sabia da corrupção na Petrobrás, enquanto na sexta, 27%.

Ainda que a Avenida Paulista esteja mais próxima da área dos Jardins, que reúne uma população mais privilegiada da população paulistana, que lá esteve no domingo, na sexta feira muitos foram trazidos para este local pela CUT, UNE e MST.

O Brasil sempre foi um país que não apresentava uma divergência de opinião tão radical, o que acontece também com a religião, e, na medida em que esta divisão tende a permanecer por um bom período, estas informações são preocupantes.