Problemas de Corrupção na China
16 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no Nikkei Asian Review, as reações à tentativa de redução da corrupção na China, outras fontes apontam também dificuldades
Arraigar problemas profundos de corrupção que existem em qualquer país exigem esforços sistemáticos por longo tempo, e geram reações naturais dos que são atingidos.
Foto com Xi Jinping e Li Keqiang chegando ao Congresso Nacional do Povo usada para ilustrar o artigo do Nikkei Asian Review
Um artigo publicado por Katsuji Nakazawa no Nikkei Asian Review informa que Xi Jinping procura consolidar uma posição semelhante a de Mao Zedong, com uma forte campanha contra a corrupção na China. As reações estão tão perigosas que, nos eventos públicos, muitas vezes ele substitui vários agentes de segurança apenas cinco minutos antes de sua chegada, para evitar atentados. Dois seguranças observavam o comportamento de uma mulher que servia chá nas últimas cerimônias em Beijing.
As disputas de poder naquele país continuam dramáticas, e duas vitimas recentes das acusações de corrupção são próximas do ex-presidente Jiang Zemin, Zhou Yongkang, ex-membro do poderoso Comitê Permanente do Politburo, e Xu Cauhou, ex-vice-presidente da Comissão Militar Central, um general de mais alta patente. Li Jihau era o top confidente do ex-presidente Hu Jintao, que sofreu uma queda abrupta de posição.
Especula-se que o próximo alvo pode ser Xu Jianqi, presidente do Grupo FAW, da indústria automobilística chinesa ligada à Volkswagen. Ele também tinha influência na política industrial e esteve ligado ao presidente Jiang Zemin e a Hu Jintao, contribuindo para que a indústria automobilística chinesa se tornasse a maior do mundo.
Não há sinais de que a campanha contra a corrupção tenda a arrefecer. Xi Jinping apoia-se em Xi Wang Qishan, aliado e amigo de infância que conduz o problema com mão de ferro.
Dos sete membros atuais do Comitê Permanente do Politburo, cinco, inclusive Xi Jinping e Li Keqiang, devem se aposentar em 2017 por questão de idade. Já se cogitam das futuras indicações para o comando da China e os potenciais sucessores seriam Hu Chunhua, chefe do partido em Guangdong, e Sun Zhengai, chefe do partido em Chongqing, mas todos sabem que Xi Jinping será decisivo nesta escolha.
O fato concreto é que Xi Jinping está acumulando muitos inimigos nesta campanha de combate à corrupção, afetando personalidades poderosas. A história da China é rica em exemplos complicados, neste regime que eminentemente autoritário.
Também em outros países, inclusive no Brasil, as campanhas para redução da corrupção acabam fazendo muitas vítimas.