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Riscos dos Desastres e Sustentabilidade

12 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo do secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, convivência com os desastres, participação do setor privado, reunião em Sendai, reuniões durante o ano sobre sustentabilidade | 2 Comentários »

clip_image001Um artigo escrito pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, distribuído pela Project Syndicate, merece a atenção de todos. Trata-se dos riscos dos desastres naturais e a sustentabilidade do desenvolvimento, agora com a participação do setor privado.

Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU

Quando o secretário-geral da ONU escreve um artigo sobre os riscos dos acidentes naturais é porque o assunto é sério e merece a atenção de todos. A sua íntegra em inglês pode ser acessada pelo http://www.project-syndicate.org/commentary/global-disaster-risk-strategy-by-ban-ki-moon-2015-03.

Ele diz que os desastres naturais causam prejuízos anuais estimados em US$ 314 bilhões e que 85% são arcados pelo setor privado. Uma reunião está em andamento em Sendai, no Japão, onde ocorreu há quatro anos os terremotos seguidos de tsunami, que resultaram em contaminações radioativas da Usina de Fukushima, que, além de afetar o Japão, também causou prejuízos em outros países.

No mundo globalizado, componentes produzidos na região atingida reduziram em 20% da produção de automóveis na Tailândia, 50% na China e 70% na Índia, para citar somente os casos mais graves. Agora, nesta reunião em Sendai participam empresas privadas como a PricewaterHouseCoopers, Hindustran Constraction, AbezeSolar, Swiss Re, AECOM, AXA Group, IBM e outras para discutir com os especialistas reunidos pela ONU, visando a redução dos riscos destes acidentes que ocorrem em todo o mundo.

Reuniões se seguirão em Addis Abeba em julho, Nova York em setembro, e Paris em dezembro para discutir a nova agenda de desenvolvimento sustentável, reconhecendo metas visando reduzir as mudanças climáticas que provocam muitos destes acidentes. Os especialistas estimam que 60% das terras estarão urbanizadas em 2030 e que a redução dos riscos destes desastres requer planejamentos, investimentos e ajuda aos que são mais vulneráveis aos seus efeitos.

Muitas vidas foram salvas nos últimos 12 meses na Índia e no Paquistão, com sistemas que alertam populações para evacuações com previsões climáticas. Medidas preventivas deverão se intensificar no futuro, envolvendo infraestrutura urbana, energia e agricultura para a redução do lançamento de gases de carbonos.

No Sumit de Clima, a ONU conseguiu o comprometimento de US$ 200 bilhões de empresas privadas para ações relacionadas com as mudanças climáticas. Até bonds verdes serão utilizados em mudanças para energia limpa. US$ 30 trilhões de investimentos em ativos comprometidos com um quadro de investimentos para redução do risco climático pelas companhias de seguro e bancos serão aprovados até o final do ano.

Ban Ki-Moon afirma que é hora de parar de tratar o desenvolvimento e emergências humanitárias de forma separada. Redução de riscos de desastres ajuda o desenvolvimento e a conquista de melhores condições de vida, antes dos acidentes ocorrerem. Para ele, lucros, meios de vida e desenvolvimento sustentável começaram em Sendai.


2 Comentários para “Riscos dos Desastres e Sustentabilidade”

  1. Hugo Penteado
    1  escreveu às 11:50 em 13 de março de 2015:

    Uma brutal inversão da relação de causalidade. Não são os desastres naturais que irão causar uma restrição ao crescimento, mas são justamente a intenção de crescer num planeta finito que irão causar esses desastres naturais. Não tem como corrigir esse resultado sem rever inteiramente a idéia irracional de crescer estruturas num planeta finito, mesmo que a forma de crescimento dessass estruturas e populações fossem revistas, a finitude planetária não desaparecerá.

    Eu poderia por acaso ter 4 trilhões de carros na Terra caso eles fossem ecocarros? Claro que não!

    E assim vale para todo o resto. Enquanto os economistas não enxergarem limites planetários e ecológicos em seus modelos de produção, o que se constitui no maior erro e na maior falha teórica, os resultados não irão mudar.

    Hugo

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:26 em 13 de março de 2015:

    Caro Hugo Penteado,

    Fico pensando se radicalizações como a sua contribuem ao debate. Quando a gente tende a pensar que só nos estamos certos e todo o mundo errado, será que não há algo de estranho.

    Paulo Yokota