Encouraçado Yamato e Hisashi Shinto
8 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: empresário de grande projeção, encouraçado Yamato, gênio da construção naval, Hisashi Shinto | 5 Comentários »
Foi comemorado o 70º aniversário do naufrágio do encouraçado Yamato, orgulho da Marinha Imperial Japonesa, quando morreram cerca de 3 mil tripulantes. Não se faz menção ao seu criador, dr. Hisashi Shinto, um gênio da construção naval que continuou desempenhando um papel importante no pós-guerra do Japão, até no relacionamento com o Brasil.
Na Segunda Guerra Mundial, o Japão apostava na sua Marinha e não acreditava que os Estados Unidos fossem capazes de atacar o Japão com a aviação. Os japoneses construíram encouraçados da classe Yamato, que tinha um irmão chamado Musashi, com 73 mil toneladas, que acreditavam que seria impossível de serem afundado com o uso de torpedos, pois estavam divididos já em compartimentos como os novos navios que se seguiram até para a marinha mercante.
Construído nos estaleiros de Kure, foi projetado pelo gênio de construção naval, dr. Hisashi Shinto (que não costuma ser mencionado), que depois da guerra continuou a trabalhar na Ishikawajima Harima e veio colaborar com o Brasil. Foi o projetor do navio “ore-oil” e todos os equipamentos para a utilização do sistema de logística que viabilizou a exportação do minério brasileiro da Vale do Rio Doce para o Japão, tendo como carga de retorno o petróleo do Golfo Pérsico. Foi também o primeiro presidente da NTT – Nippon Telegraph and Telephone, que, privatizado, tornou-se a maior empresa do mundo.
Foto da cerimônia de homenagem pelos 70 anos aos mais de 3 mil falecidos no naufrágio do encouraçado Yamato, publicada no The Japan Times
Importante ressaltar que o Brasil foi um dos pioneiros que ajudaram o Japão na reconstrução do pós-guerra. Os estaleiros militares estavam sendo convertidos para a construção de navios para a marinha mercante, e o Brasil que necessitava deles, dentro do Plano Marshall foi dos primeiros que encomendaram estes navios aos estaleiros japoneses.
Esta cooperação prosseguiu de forma brilhante, quando o Brasil desejava ampliar a sua mineração para abastecer a indústria siderúrgica japonesa em expansão. Viabilizar a competitividade de um produto pesado e de baixo valor, como o minério de ferro transportando até o outro lado do mundo, foi o que se efetuou dentro de um programa bilateral entre os dois países.
Quando neste espírito de intercâmbio entre os dois países, os estaleiros japoneses efetuaram pesados investimentos para a construção de equipamentos indispensáveis para a exploração do pré-sal, não se pode esquecer estes mais de setenta anos de bons relacionamentos do Brasil com o Japão. Há que se desenvolver mecanismos para o aproveitamento da história e dos investimentos efetuados, que não sejam prejudicados por problemas como os que envolvem hoje a Lava a Jato.
Senhor Paulo,
Como está, hoje, a indústria naval japonesa? Fiquei com vontade de perguntar, pois, no bairro do Caju, no RJ, havia a filial brasileira da Ishikawajima Harima. Bons tempos aqueles…
Abração!!!!!
Caro Leonardo Paoli,
Com as mudanças de política econômica no Japão, e principalmente a desvalorização do yen, os estaleiros japoneses voltam a serem competitivos no mundo. Nas joint-ventures com grupos brasileiros está se enfrentando as dificuldades como os demais investimentos efetuados relacionados com a Petrobrás. O estaleiro da Ishibrás em Caju, foi lamentavelmente vendido para um grupo brasileiro, pois estaria prestando uma grande ajuda para as necessidades da exploração do pre-sal.
Paulo Yokota
Fui retificado pelo Professor Masato Ninomiya sobre o Sr. Higashi Shinto, que só foi trabalhar na Marinha Imperial em 1942, e se teve alguma participação na construção do Encouraçado Yamato (1937 a 1941) teria sido um papel muito secundário. Segundo as informações que ele dispõe foi o Almirante Yuzuru Hiraga que foi também professor da Universidade Imperial de Tokyo o “pai” do Yamato. Como a informação que eu tinha era do Japão, ela deve estar incorreta. Mas, não há dúvida que Hisashi Shinto foi importante nos navios utilizados para o intercâmbio nipo-brasileiro. Paulo Yokota
Tal como a indústria automobilística e a de eletroeletrônicos, o Japão sempre se destacou na construção de modernos navios. Fabuloso! Sem se esquecer, outrossim, da construção civil e os seus prédios com tecnologia que resiste a grandes terremotos! É um país incrível que faz muito, com o pouco que tem.
Caro Alexandre Leite,
Obrigado pelo comentário. Mas, vale a pena registrar que quem está correndo está sendo atropelado, e quem está parado
fica fora do mundo globalizado. O Japão enfrenta muitas dificuldades com sua população decrescente e envelhecendo rapidamente.
Paulo Yokota