Estante Virtual
6 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no Valor Econômico sobre a Estante Virtual, facilidades para os que possuem bibliotecas volumosas, os problemas dos livros usados na internet | 2 Comentários »
Como é do conhecimento de muitos, o professor Antonio Delfim Netto sempre acumulou muitos livros em todo o mundo, e vários foram obtidos nos chamados sebos, para tirar proveito dos usados de custo mais baixo. Com a internet, estes estabelecimentos estão se reduzindo sendo compensados por mecanismos como a Estante Virtual.
Andre Garcia, da Estante Virtual
Na formação da biblioteca do professor Antonio Delfim Netto, já doada para a FEA-USP, utilizou-se muitos sebos de todo o mundo. Há décadas, estes estabelecimentos vieram diminuindo, sendo substituídos por mecanismos que tiraram proveito da internet, juntando as informações disponíveis em muitos destes sebos.
No Brasil, a Estante Virtual, criada em 2005 a partir de um pequeno acervo, hoje já tem em seu acervo 12 milhões de livros, reunindo 1,3 mil lojas de variados tipos, contando com cinco gerentes e 40 funcionários, segundo um artigo publicado por Joselia Aguiar, publicado no Valor Econômico.
Ainda que se tenha visitado os principais estabelecimentos em centros como Paris, Londres, Nova Iorque, os que mais se destacavam eram os de Tóquio, onde num bairro chamado Kanda havia milhares de livrarias, tanto de livros novos como usados, nos mais variados idiomas. Eram todos limpos e catalogados, diferentes dos confusos e grandes sebos como de Londres.
Os poucos funcionários que trabalhavam nestes estabelecimentos, mesmo com a aparência modesta, eram profundos conhecedores de livros, havendo os que dominavam o conteúdo das variadas edições, sabendo os que eram mais raros. Delfim Netto procurou por muitos anos algumas edições, ainda que não fosse um especialista em livros raros como José Mindlin, que estava especializado em brazilianismo, preferencialmente de primeiras edições.
O que se procurava eram livros mais baratos com boa conservação, pois muitos, lamentavelmente, estavam maltratados pelos antigos proprietários. Também foram adquiridos muitas bibliotecas de colecionadores falecidos, cujos familiares não sabiam o que fazer com o acervo. Mesmo que contando com a ajuda de muitos especialistas, havia que se manusear os livros, para verificar se danos criminosos não tinham sido cometidos.
Trata-se de uma verdadeira garimpagem que exige um amor muito grande aos livros, ainda que as formas atuais eletrônicas tenham reduzido o número de usuários interessados nestes prazeres.
Não acredito que o amor aos livros está acabando, pois se você for ver, a cada dia, mais e mais livros são publicados e impressos no Brasil.
Felizmente, os E-books estão virando moda também pois assim economizamos na derrubada de árvores para produzir papel.
Gostei bastante em saber que os japoneses são limpos e organizados inclusive nos sebos!
Caro Boris Becker Marques,
Felizmente a publicação de livros físicos estão aumentando nos países mais dedicados à leitura, como no Japão e em Cingapura, onde vi novas livrarias de dimensões gigantescas. Lamentavelmente está se aprofundando a diferença daqueles que leem com mais intensidade, daqueles que somente usam informações mais superficiais dos meios eletrônicos, que também são necessários. Se tiver oportunidade visite a Biblioteca da FEA-USP, onde também está a riquíssima do Professor Delfim Netto, com livros de grande importância, mais destinados para pesquisas e trabalhos acadêmicos.
Paulo Yokota