Mudanças em Curso na Governança Mundial
1 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo de Javier Solana no Project Syndicate, ascensão dos emergentes e da China, coloca clara as mudanças na geopolítica mundial, necessidade de revisões dos Estados Unidos
Em que pesem a ascensão dos países emergentes que ganham peso no G-20, os Estados Unidos não foram capazes de aceitar esta dura realidade, concedendo lhes mais poder nos organismos internacionais, o que resultou no AIIB – Asian Infrastructure Investiment Bank.
Aumento da importância da China no mundo
Um artigo publicado por Javier Solana, que foi ministro de Relações Exteriores da Espanha, secretário-geral da NATO e alto representante da União Europeia para a política externa e segurança, publicado no Project Syndicate, explicita a mudança da geopolítica mundial com a China, alterando a governança global.
Ainda que os países ocidentais tenham admitido que os países emergentes do mundo, notadamente os asiáticos, tivessem ganho peso na importância global, as concessões dos poderes nos organismos internacionais vinham sendo modestas, com pequenos aumentos nas participações de entidades como o FMI – Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial.
A China, tirando partido de suas reservas internacionais que chegam a US$ 3,8 bilhões, efetua muitos arranjos bilaterais na Ásia, na África e na América Latina, ajudando no estabelecimento de infraestrutura e garantindo o fornecimento de commodities, com o Banco de Desenvolvimento da China, superando os empréstimos do Banco Mundial.
Com a incompreensão do que estava acontecendo no mundo, Barack Obama chegou a chamar a China de “free rider”, e uma das respostas acabou sendo a criação do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS. Aproveitando a reunião do Asia-Pacific Economic Cooperation em Beijing, ela anunciou também o AIIB – Asian Infrastructure Investiment Bank, que dá suporte ao programa da nova Rota da Seda, tanto terrestre como marítima, ligando a Ásia com a Europa, com projetos estimados em US$ 50 bilhões. Torna a China a principal parceira da Europa, atendendo interessados que vão do Oceano Índico, Mar do Sul da China ao Mediterrâneo, segundo o autor.
Na Eurásia, com o declínio do poder da Rússia, a China passa a ganhar importância na Ásia Central, ligando o Leste Asiático com o Oeste Europeu. A adesão maciça dos europeus ao projeto do AIIB, inclusive de tradicionais aliados dos norte-americanos, força outros países a participarem deste banco para estarem também no seu capital. Até o momento, somente o Japão ainda apresenta alguma resistência.
Na opinião do autor, os ocidentais devem dar suas boas vindas aos chineses pela presença na mesa da governança global, aceitando e cooperando com as instituições sob a direção dos chineses, até porque tentaram preservar seus comandos nas instituições internacionais que estão sendo superadas pelos fatos. Ele é a favor do G-20 se reunir na China em 2016. Segundo ele, o Ocidente precisa superar a desconfiança nas intenções chinesas, aceitando a nova realidade.