O Problema Crucial de Disponibilidade de Água no Mundo
12 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a China precisa procurar água potável no mar, custos elevados, disponibilidades brasileiras | 2 Comentários »
O problema da disponibilidade de água potável está se tornando crucial em muitas partes do mundo, implicando na dessalinização da água do mar, que ainda é de custo elevado. É o caso da China.
A China depende fortemente dos degelos do Himalaia, conforme ilustração de um artigo do The Economist
Há muitas informações de regiões do mundo que estão sofrendo com as dificuldades de abastecimento de água potável. O Oriente Médio e muitas regiões desérticas dependem de custosos sistemas de conversão de água marítima em potáveis mediante a sua dessalinização. A Califórnia norte americana está sofrendo problemas mais grave com as secas que as brasileiras, sendo obrigada a adotar um racionamento. A China sofre fortes restrições de abastecimento de água potável e está programando planos custosos de dessalinização, que devem quadruplicar até 2020.
O Brasil é um dos países do mundo que conta com maior disponibilidade de água fluvial como subterrânea, infelizmente na sua Amazônia, que apresenta grande distância dos principais centros consumidores, a tal ponto que também cogita de alguns projetos de dessalinização, ainda que de custos elevados.
O projeto de transposição das águas do rio São Francisco para o Nordeste brasileiro está mostrando como são custosos e de difícil execução, tanto pelas elevações indispensáveis como as perdas com as evaporações que ocorrem em grandes distâncias.
O artigo publicado no site da Bloomberg sobre a China informa que o projeto do Bohai Bay, a começar em 2019, deve remover o sal de 120 mil toneladas de água marítima por dia. Deve proporcionar 50 mil toneladas de água potável para ser bombeada por 170 milhas para Beijing, que se situa numa região seca.
A China conta com 20% da população mundial, mas somente 7% da água fresca. Em termos nacionais, há um plano para 3 milhões de toneladas de água em torno de 2020, sendo que, das 668 grandes cidades, 400 já enfrentam escassez de água. Beijing paga 4 yuans por metro cúbico de água, mas o seu custo é de 7 yuans, esperando-se que as tecnologias de dessalinização acabem proporcionando custos mais baixos, inclusive para atender projetos privados.
Existem dois processos básicos para a dessalinização. Uma chamada de osmose reversa que separa a água do sal por meio de um processo químico. Noutro, promove-se destilações sucessivas da água que acabam sem sal, mas os dois exigem elevado consumo de energia, que podem provocar poluição. Portanto, a solução mais saudável acaba sendo a economia no consumo da água, inclusive a sua reutilização.
A dessalinização da água do mar não é só cara, é inviável em larga escala e acelera o processo de entropização da Terra, aumentando o risco de extinção da vida. A energia gasta para dessalinizar e ressalinizar é grosseira, mesmo com avanços tecnológicos e o resíduo (sal) não tem como os resíduos nucleares, nenhum destino seguro.
O fim da água é a prova do erro fatal da teoria econômica tradicional que não enxerga nenhuma limitação ecológica para o crescimento econômico e, acima de tudo, não possui em seus modelos nenhuma variável que contabilize a contribuição para o processo econômico de qualquer serviço ecológico, inclusive a água.
Para um economia, uma árvore (que é uma bomba de água natural e irreplicável) só tem valor quando derrubada ao chão. Nicholas Georgescu Roegen aponto esse e outros erros crassos dessa teoria, mas foi ignorado infelizmente.
Estamos em rota de colisão com a Terra. Dessa rota não sairemos vencedores. Ninguém.
Caro Hugo Penteado,
Já houve outros pensadores como Malthus que tinha opiniões parecidas com as suas. Felizmente, apesar de todos os problemas existentes a humanidade é capaz de pensar e vem superando as suas dificuldades a duras penas. Os desafios existentes acabam sendo fatores que estimulam nossas criatividades.
Paulo Yokota