Obesidade Tornou-se a Maior Calamidade Mundial
4 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: ações da McKinsey Global Institute (MGI), artigo no Project Syndicate informa que é pior que a fome, preocupação da Organização Mundial de Saúde
De acordo com o estudo Global Burden of Disease publicado pela prestigiosa revista científica britânica The Lancet, a obesidade tornou-se um problema de saúde pública maior que a fome no mundo. A população com sobrepeso é quase duas vezes e meia a dos que sofrem de subnutrição.
As crianças do mundo desenvolvimento como emergente precisam ser orientadas para alimentações mais saudáveis
Um artigo publicado por Richard Dobbs, diretor do MGI – McKinsey Global Institute e Boyd Swinburn e da Organização Mundial de Saúde no Project Syndicate, alerta que a obesidade se tornou um dos problemas mais cruciais de saúde pública no mundo.
Recente estudo informa que 2,1 bilhão de pessoas, cerca de 30% da população mundial, estão obesos, sendo responsável por 5% das mortes em todo o mundo. O impacto econômico total da obesidade é de cerca de US$ 2 trilhões, ou seja, 2,8% do PIB mundial, causando mais danos econômicos que o tabagismo, a violência armada, guerras e terrorismos, segundo a MGI.
E este problema está se agravando, estimando-se que em torno de 2030 pode atingir metade da população adulta do mundo. A diretora geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, afirma que nenhum país conseguiu reverter a epidemia da obesidade em todas as faixas etárias.
60% da população obesa mundial vive em países em desenvolvimento, onde a rápida industrialização acelera o consumo de calorias. Na China e na Índia, os obesos nas cidades são 3 a 4 vezes as das áreas rurais. E, nestes países, os serviços de saúde são mais limitados.
Com a revisão de 500 estudos sobre intervenções em todo o mundo sobre a obesidade, a MGI identificou 74 possíveis de serem utilizados, que incluem refeições subsidiadas nas escolas, incentivo aos transportes pedestres, melhor rotulagem nutricional dos alimentos, restrições à publicidade de alimentos e bebidas de alto teor calórico e medidas fiscais.
A educação sobre o assunto é importante, orientando para a responsabilidade pessoal sobre a saúde. Mas o conhecimento não é suficiente para gerar a força de vontade de não comer em excesso, agravado pelos hábitos sedentários. As porções padrão precisar ser alteradas, o marketing precisa ser reorientado, e as cidades precisam facilitar as caminhadas.
No Reino Unido mostrou-se que se 44 possíveis intervenções fossem usadas, a taxa de obesidade poderia ajudar 20% dos obesos a voltarem ao peso saudável em 5 a 10 anos. Os retornos econômicos proporcionados por estes ganhos seriam suficientes para compensar os gastos destas campanhas.
Em muitos países, as campanhas contra a obesidade deveriam ser nacionais ou globais. Nenhuma entidade isolada pode reverter a situação, a não ser uma campanha geral. Ainda não existe uma estratégia mais recomendada, mas os investimentos nestas pesquisas estão envolvendo cerca de US$ 4 bilhões, o que está identificando que é preciso fazer muito mais.