Uma Análise Mais Profunda Sobre o Mercado de Petróleo
14 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as substituições do petróleo por outras fontes de energia, o que vem acontecendo com o petróleo não é somente consequência da atuação do mercado, uma análise interessante da Bloomberg | 2 Comentários »
Ainda que seja difícil imaginar que a análise da Bloomberg sobre o mercado de petróleo contenha toda a verdade, muitos dos pontos apontados merecem uma elevada consideração.
Gráficos que ilustram a matéria publicada no site da Bloomberg
A Bloomberg informa que no relatório de maio próximo, chamado Bloomberg Markets, analisa-se o que vem ocorrendo há 20 anos no mercado de petróleo. A figura central é Ali al-Naimi, o poderoso ministro de Petróleo da Arábia Saudita. Ele vem planejando a extensão da Era do Petróleo, que vem sendo ameaçado por fontes alternativas de energia numa tendência de longo prazo, inclusive os derivados do xisto (shale).
Todos sabem que o barril de petróleo Brent, que superava US$ 110 em 2011 chegou a menos de US$ 50 em janeiro último, sem que a Arábia Saudita, a principal produtora deste produto. Ela sempre teve um papel importante na OPEP, o cartel que controla estes preços, e não esboçou nenhuma medida, ainda que afetasse a sua principal fonte de rendas.
Ali al-Naimi, como outros líderes sauditas, se preocupa há anos que as mudanças climáticas e os altos preços do petróleo aumentem a eficiência energética. Energias renováveis serão encorajadas e mudanças para combustíveis alternativos, como o gás natural, vão continuar ocorrendo. Eles se opõem aos que pretendem marginalizar o consumo do petróleo e se preocupam em prorrogar a dependência do produto há mais de uma década.
Pensam que ao lado da oferta há que se preocupar com a queda da demanda. Para tanto, manipularam no sentido da redução brusca dos preços de forma a desestimular os movimentos no sentido de sua redução. Com os atuais preços, fontes alternativas acabam sendo inviabilizadas, bem como as pesquisas para redução do seu consumo.
Mas, também, entre os produtores existem os que se opõem à política de preços baixos, pois precisam de suas rendas preservadas. A própria Arábia Saudita conta com muitos dispêndios necessários, o que leva o seu ministro do Petróleo afirmar por quanto tempo consegue manter os preços deprimidos.
Ali al-Naimi, ministro do Petróleo da Arábia Saudita, recusou-se a assinar uma redução da produção do petróleo visando aumentar os preços na reunião da OPEP
A Arábia Saudita prepara uma universidade para enfrentar os problemas posteriores à Era do Petróleo. Além das dificuldades religiosas que podem empolgar parte da população saudita, pensa-se o que deve sustentar a sua economia, e Ali al-Naimi está se preparando para cuidar da educação, visando a sua diversificação.
Em um prazo mais curto, a Arábia Saudita prepara-se para a exploração das enormes reservas de fosfato bem como bauxita para a produção de alumínio, inclusive para a geração de peças para automóveis.
O artigo publicado no Bloomberg, que é muito extenso, refere-se à formação de Ali al-Naimi, inclusive em Lehigh, na Pensilvânia, como em Stanford, na Califórnia, onde ele obteve o grau de mestre em geologia. Também se refere a diversos episódios como presidente da Aramco, como muitos com a OPEP, onde ele tinha a perspicácia de não confiar nas promessas de corte de produção de muitos membros, como a Rússia.
Ele tem a consciência que a Arábia Saudita como a OPEP não têm condições de contrariar as tendências mundiais de longo prazo, preparando-se somente para conseguir uma prorrogação da Era do Petróleo, visando também as mudanças que serão inexoráveis.
Ou seja, o PT dançou com o sonho do Pré-Sal !
Caro Paulo Souza,
Não acredito que seja uma questão partidária. Assim como os Estados Unidos acreditaram no xisto, parece natural que o Brasil sonhe com o aumento da exploração do petróleo, só que existe um problema de escala e adequação dos investimentos com as capacidades de geração de recursos. Todos os especialistas acreditam que no futuro, que ninguém sabe quanto tempo exigirá, o petróleo volte ao nível de US$ 70 a US$ 80 por barril.
Paulo Yokota