Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Construção Pesada no Brasil

22 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no The Economist, história depois da Segunda Guerra Mundial, mudanças e continuidades

clip_image001A revista The Economist publica no número deste fim semana uma matéria que poderia estar mais completa, mas que dá indícios que a construção pesada no Brasil deve continuar, talvez com algumas alterações nos principais nomes.

A presidente Dilma Rousseff inspecionando obras

Somente analistas pouco experientes acabam concluindo que problemas como os que vêm sendo enfrentados pelo Brasil vão comprometer o seu futuro. Os que conhecem sua história mais longa, desde o fim da Segunda Guerra Mundialdevem estar conscientes que as grandes empreiteiras brasileiras tinham sede no Rio de Janeiro, a antiga capital do Brasil.

Quando Juscelino Kubitschek empenhou-se na construção de Brasília, uma leva de novas empreiteiras, principalmente as de origem em Minas Gerais, acabou ganhando destaque se consolidando como as maiores do país, sendo que algumas ainda podem ser consideradas como parte da atual lista.

Quando o desenvolvimento brasileiro se acelerou, chegando até a ser conhecido como o “milagre brasileiro”, novas empreiteiras ganharam destaque, começando pela construção de grandes barragens que consolidaram o sistema hidroelétrico, além da construção de rodovias que até hoje são consideradas a base dos transportes que integram o país.

A revista inglesa cita agora que todo o setor fortemente atingido pelos escândalos do Lava Jato podem receber novos impulsos com a assistência que vem sendo prometida pela China. Certamente, novas empreiteiras surgirão ocupando o espaço que estava preenchido pelas que lideram o setor de construção pesada, mas devem ser locais, pois dificilmente estrangeiras teriam os conhecimentos e relacionamentos que permitam o seu desenvolvimento.

Este processo de renovação de parte deles é o que vem ocorrendo ao longo da história brasileira e deve prosseguir nestes processos. Algumas, como a Odebrecht, já contam com a grande maioria de suas receitas proveniente de trabalhos executados no exterior, mostrando que são eficientes e competitivas até em comparação com outras gigantes internacionais do setor.

O mundo globalizou-se nos últimos anos e muitas obras de infraestrutura deverão ser executadas, principalmente nos países emergentes da Ásia, da América Latina ou da África. Os conhecimentos que foram acumulados ao longo do tempo com obras já executadas deverão ser aproveitados, talvez contando com capitais adicionais provenientes de outros países.

Também novas instituições de financiamento do desenvolvimento estão ganhando importância no mundo, deixando os bancos, como o Mundial, em segundo plano. Destaca-se agora o AIIB – Asian Infrastructure Investment Bank e o New Development Bank, com a participação dos membros do BRICS, além de adaptações como do ADB – Asian Development Bank, que contam com recursos expressivos.

Com o atual excesso de recursos do mundo, até os mercados de capitais e instituições privadas, utilizando fundos de pensões, podem vir a atender as necessidades destes projetos de longa maturação. Enfim, o mundo não vai acabar…