Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Índia na Pauta Inclusive do The Economist

22 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades esperadas, inicio com bons resultados na administração Narendra Modi, liderança individual, relatório especial sobre a Índia no The Economist

clip_image001O The Economist publica um relatório especial sobre a Índia na sua edição deste fim de semana, com muitos artigos abrangendo diversos aspectos daquele país.

 

Capa do The Economist sugerindo que Narendra Modi está exagerando num comando individual

Narendra Modi chegou ao poder máximo da Índia com o seu partido, o Bharatiya Janata, conseguindo a vitória que o levou a primeiro-ministro há um ano. O The Economist não o apoiou, pois ele teve problemas com a minoria religiosa na província que governava, o Gujarat. Admite que está obtendo um início de administração com alguns bons resultados, mas entende que a tarefa de transformar aquele país não é de uma banda de uma pessoa só.

É evidente que num ano não é possível que os resultados que vêm sendo obtidos sejam decorrentes somente de sua gestão, ainda que o clima geral no país tenha mudado, pois Modi anunciou uma política que pretende ser mais liberal e conseguir a grandeza de seu país. A Índia vinha de uma situação com predominância do Estado desde a sua independência, com elevação da corrupção. Na dura realidade, o que vem se obtendo decorre da ação inicial do governo que somente aos poucos vai acabar estimulando o seu setor privado.

A Índia está sendo ajudada pela redução do preço do petróleo, a inflação que se mantém baixa e os juros que estão caindo. A sua moeda está estável, e suas contas externas e fiscais equilibradas, o que é muito para um país emergente na atual economia mundial. O seu crescimento para este ano está estimado em 7,5%, superando até o da China. Os investimentos estrangeiros estão em alta no país e prestígio de Modi no exterior está elevado, o que vem lhe permitindo viagens como as que fez para países asiáticos, com consagração entre os chineses.

Ainda assim, o The Economist tece suas críticas pela exagerada concentração individual do poder, ações nacionalistas de alguns hindus e falta de reformas. Parece conveniente dar um pouco mais de tempo a Modi para avaliações tão duras.

Admite a revista que administrar um país complexo como a Índia não é tarefa fácil, mas observa que a melhoria da situação dos pobres é lenta. Aponta dois erros que estariam sendo cometidos: que os problemas impopulares podem esperar, o que já levou o governo a derrota numa eleição local em Delhi. A exagerada concentração em ações pessoais de Modi, imaginando que deva haver uma descentralização para decisões locais.

Na realidade, ainda que o desejável seja uma descentralização do poder, é que sem uma liderança forte fica difícil de conseguir-se mudanças em países emergentes, ainda que mesmo no mundo desenvolvido e democrático sente-se a falta de estadistas. Parece fácil receitarem-se políticas para os outros, quando está se constatando as dificuldades em países industrializados.

Ainda que nem tudo que esteja se conseguindo na Índia seja produto da ação de Modi, a situação atual da Índia no atual cenário internacional é no mínimo invejável, principalmente para os brasileiros.