As Duas Economias Mais Populosas do Mundo
16 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: apesar das diferenças e divergências nas fronteiras, pragmatismo, relacionamentos econômicos de alto nível
As duas economias mais populosas do mundo, a China e a Índia continuam se esmerando para consolidar os seus relacionamentos econômicos com as visitas recíprocas que merecem o mais alto simbolismo. O presidente Xi Jinping visitou a Índia começando pela província onde Narendra Modi começou se destacar, e agora o primeiro-ministro recebe na China o tratamento primoroso começando na região onde a família de Xi Jinping se consagrou, recebendo um tratamento primoroso dos chineses em toda a sua visita.
O premiê indiano Narendra Modi recebido pelo premiê chinês Li Keqiang, segundo a foto que ilustra a matéria no Nikkei Asian Review
A China e a Índia possuem grandes diferenças nos seus sistemas econômicos e políticos, com os chineses adotando ainda um modelo centralizado e comandado pelo Partido Comunista, apesar de utilizar intensamente as indicações do mercado. Os indianos, desde a sua independência da Comunidade do Reino Unido, adota um sistema democrático, cada vez mais com maior participação do setor privado. Possuem muitas divergências sobre questões de fronteira como de segurança internacional, mas pragmaticamente intensificam os seus relacionamentos econômicos e comerciais, que acabam deslocando para a Ásia a importância mundial do mundo globalizado.
Logo que Narendra Modi assumiu o comando político e econômico da Índia, vencendo as eleições, o presidente chinês Xi Jinping apressou-se a efetuar uma visita à Índia para criar as condições de intensificação de suas relações, apesar das diferenças existentes, fazendo questão de começar simbolicamente a visita a partir da província de Guaraja, onde Modi se consagrou pela sua administração. De forma similar nesta visita à China, Modi foi recebido como destaque em Xian, onde Xi Jinping chegou a acompanhá-lo na visita ao Museu de Terracota, famosa no mundo, e na antiga capital da China onde se originou a Rota da Seda.
Toda a visita de Narendra Modi foi cercada de muita consideração e foram estabelecidos 24 áreas de cooperação bilateral somando um valor superior a US$ 10 bilhões. São lições de pragmatismo como não se observa frequentemente no Ocidente.
Os chineses estão intensificando seus relacionamentos mundiais, começando pelos seus vizinhos, como já fez com a Rússia e agora com a Índia. Mas também na próxima viagem o premiê chinês Li Keqiang visitará a América Latina, inclusive o Brasil, onde apresentará ideias ousadas, como a ligação do Atlântico com o Pacífico, à semelhança da nova Rota da Seda que vem empolgando países asiáticos como europeus, pelas suas ligações terrestres e marítimas.
Ainda que estas ideias ainda sejam vagas e não tenham projetos detalhadamente elaborados, elas parecem conter horizontes de longo prazo, criando condições para intercâmbios intensos entre os latino-americanos com os asiáticos, notadamente com os chineses. Não se pode relevá-las, admitindo que, apesar das distâncias envolvidas, acabam sendo medidas práticas para o aumento dos intercâmbios mundiais, quando outras regiões se encontram envolvidas com problemas de todas as naturezas.