Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Influência Portuguesa na Culinária do Japão

15 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: alimentação estrangeira no Japão, casos históricos conhecidos, pioneirismo da influência portuguesa | 29 Comentários »

clip_image002Apesar da culinária japonesa ser conhecida em quase todo o mundo, é interessante saber que a primeira cozinha ocidental a ser introduzida no Japão foi a portuguesa, por influência dos jesuítas que foram da China para o sul daquele país em torno de 1543.

Foto que ilustra um artigo publicado no Japan Times sobre alimentos picantes que não eram conhecidos no Japão

O termo inicialmente utilizado no Japão era “namban” para esta culinária de influência do exterior, uma adaptação do chinês que se referia à vinda do sul, segundo um artigo publicado por Makiko Itoh, que publica regularmente sobre culinária no jornal The Japan Times. O que ficou mais conhecido, inclusive como se fora de origem japonesa para muitos, foi o “tempura”, esta fritura também difundida hoje em todo o mundo.

Evidentemente, as influências dos portugueses também ocorreram em outras áreas, como o uso da arma de fogo bem como o cristianismo, além de hábitos europeus como as roupas e o uso do tabaco. Mas o marcante foi na culinária, como o uso da pimenta e do milho, que teriam sido levados para a Europa oriundo das Américas. Também o uso do ovo e do açúcar na culinária, ainda que este adoçante já fosse conhecido como um medicamento, de preço muito elevado, algo muito luxuoso até o século XIX.

Entre os doces ficou conhecido o bolo macio e leve denominado “kasutera” originário de Castela, bem como o “konpeito” (possivelmente confeito) de pequenas balas coloridas. Mas, também os temperos como o “namban karashi” (mostarda), que finalmente ficou com no nome “toogarashi” (mostarda chinesa).

Esta qualificação de “namban” acabou se confundindo com um distrito de Osaka chamado Nanba, e passou a ser um qualitativo de pratos como o pato com alho ou até o frango nanba que se tornou muito popular no Japão.

Muitos destes pratos foram se transformando no Japão, e a ilustração desta matéria é de um peixe marinado com base no vinagre, picante, algo como um escabeche.

Na realidade, com o mundo globalizado, estas influências regionais acabaram se confundindo, gerando até discussões sobre as suas origens, havendo versões variadas sobre os fatores originais.


29 Comentários para “Influência Portuguesa na Culinária do Japão”

  1. Manoel Pinto
    1  escreveu às 21:49 em 17 de maio de 2015:

    Pelo menos os japoneses admitem que não inventaram o tempura, que é um prato lusitano. Sempre mentiram dizendo que criaram muitas coisas, mas só copiam. Todos sabem disso.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:24 em 18 de maio de 2015:

    Caro Manoel Pinto,

    Obrigado pelo comentário. Acho que muitos aperfeiçoamentos sobre conhecimentos acumulados por outros, inclusive do exterior continua sendo importante para o desenvolvimento. O problema é quando não admitimos outros já tinham estes conhecimentos. Joseph Needham de Cambridge, um dos maiores estudiosos da China entende que desde quando nos conhecemos como seres humanos, foram os chineses que mais inovaram em conhecimentos, o que nem sempre é admitido pelos Ocidentais. V. sabe que Colombo como Cabral utilizaram mapas elaborados pelos chineses para “descobrirem as Américas e o Brasil?”.

    Paulo Yokota

  3. Edvaldo Barreto Braga
    3  escreveu às 16:45 em 18 de maio de 2015:

    Paulo, os japoneses são grandes copiadores, sim, dos ocidentais, especialmente dos americanos. Só dão um formato diferente para dizer que elaboraram algo novo. E, também, não passam de invejosos, pois tentam tirar os méritos dos brasileiros nas artes marciais. O senhor acompanha o UFC? Nós revolucionamos o mundo do MMA com o Brazilian jiu-jitsu, uma invenção genuinamente nacional, fruto de nossa criatividade. Judô, caratê etc. não só tomam uma sova do nosso Brazilian Jiu Jitsu.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 18:09 em 18 de maio de 2015:

    Caro Edvaldo Barreto Braga,

    Obrigado pela sua opinião, que lamento contem uma série de incorreções.
    O judô como todos os esportes que terminam em do, que significa caminho, tem como base uma filosofia. O jiu jitsu foi uma deturpação que foi provocada pela família Grace. As martes marciais de origem chinesa são provenientes de templos, e não se baseiam na força física, e onde os mais fortes fisicamente podem ser superadas pela preparações espirituais. MMA, para mim, não é esporte. A Ásia já existia muito antes da “descoberta” das Américas, e muitas das inovações chamadas norte-americanas foram promovidas pelos europeus. Aperfeiçoamentos não são cópias. Por favor, permita que a racionalidade supere suas reações emocionais.

    Paulo Yokota

  5. Olavo Alves
    5  escreveu às 12:16 em 19 de maio de 2015:

    Caro Yokota:

    O ótimo artigo versa sobre a influência lusitana na culinária nipônica e certo tresloucado leitor começa a discorrer sobre MMA, UFC, artes marciais etc. Indubitavelmente, este senhor está delirando, além de exibir muita ignorância.

    Nos derradeiros anos, sigo este blog com júbilo, pois me mantenho bem informado sobre o Japão, que é um país que admiro bastante. Acredito, francamente, que algumas pessoas falam mal da terra do Sol nascente, pois são invejosas.

    Destarte, observe, estimado Paulo, que os seus “provocadores” gostam de trazer à baila futebol, Formula 1, vôlei e MMA. O ser humano gosta de comparações quando se sente superior, mas quando se sente inferior…

    Aliás, um verdadeiro – e, sobretudo, perspicaz – praticante de artes marciais, jamais adotaria um discurso pobre e vazio como o do Edvaldo Barreto Braga. Já pratiquei o Judô e sou apaixonado pelo seu fundador Jigoro Kano. A parte doutrinária e filosófica do Aikido é, outrossim, encantadora. Com o Judô e o Aikido, aprendi a ter respeito ao próximo, pois confesso que, quando mais jovem, eu era um “cara difícil”.

    Ressalte-se, igualmente, que o nobre economista é sempre muito polido e arguto em suas respostas, mesmo com os mais atrevidos e abrutalhados. Se todos os brasileiros fossem como o senhor, este país seria um lugar bem melhor de se viver.

    Um grande abraço!

    Olavo

  6. Henrique Gomes
    6  escreveu às 20:21 em 19 de maio de 2015:

    Fala, Paulo! Você está totalmente certo! Há pessoas que só sabem criticar, acusar, fazer bravatas etc., mas não contribuem em nada para este país se desenvolver. Muitos só querem saber de UFC, BBB, MMA, futebol, novela etc. Por outro lado, o Japão é, a meu ver, um bom exemplo de superação, educação, disciplina, organização e humildade.

  7. Paulo Yokota
    7  escreveu às 09:31 em 20 de maio de 2015:

    Caro Henrique Gomes,

    Obrigado pelo seu comentário.

    Paulo Yokota

  8. Raimundo Santos
    8  escreveu às 11:12 em 20 de maio de 2015:

    Senhor,

    É lamentável que este blog de qualidade indiscutível seja visitado por desocupados de poucas luzes. Tenhamos um pouco de consideração. O OLAVO ALVES disse tudo.

  9. Paulo Yokota
    9  escreveu às 18:46 em 20 de maio de 2015:

    Caro Raimundo Santos,

    Obrigado pelas suas observações. Mas, vamos tentar ver de um outro ângulo. Se todos já tivessem conhecimento do que existe de bom do outro lado do mundo também, este site não teria sentido. Também os asiáticos conhecem pouco do que temos de bom neste lado do mundo, e precisamos tentar divulga-los. Estamos todos habitando uma aldeia global.

    Paulo Yokota

  10. Nádia Lima
    10  escreveu às 17:08 em 20 de maio de 2015:

    Gosto tanto da culinária japonesa, quanto da portuguesa.

  11. Paulo Yokota
    11  escreveu às 18:42 em 20 de maio de 2015:

    Cara Nádia Lima,

    O mundo conhecia pouco da culinária japonesa até recentemente. A portuguesa também está passando por uma releitura, acompanhando a tendência ao aumento do sedentarismo dos seres humanos. Podemos aproveitar, no mundo globalizado, do que podemos encontrar de bom nas culturas dos diversos povos.

    Paulo Yokota

  12. Glória Portocarrero Leal
    12  escreveu às 17:20 em 21 de maio de 2015:

    Gostei da explanação do colega Olavo Alves. Pratico Aikido e respeito muito o seu saudoso fundador Morihei Ueshiba e seus belos princípios.

  13. Paulo Yokota
    13  escreveu às 21:00 em 21 de maio de 2015:

    Cara Glória Portocarrero Leal,

    Obrigado pelo comentário. Como tentei explicar, no idioma japonês tudo que termina em do, como é o caso de Aikindo, tem o significado que conta com uma concepção filosofia na sua base, que literalmente significa caminho.

    Paulo Yokota

  14. Cristovão Mansur
    14  escreveu às 20:14 em 21 de maio de 2015:

    A culinária portuguesa é saborosa, mas acho que engorda. A japonesa é exótica, sendo que aprecio muito os cozidos (nabemonos).

  15. Paulo Yokota
    15  escreveu às 20:56 em 21 de maio de 2015:

    Caro Cristovão Mansur,

    Todos nós temos as nossas preferências. Na culinária portuguesa contemporânea existem muitos que são voltados para pessoas mais sedentárias.

    Paulo Yokota

  16. Rodrigo Bina
    16  escreveu às 11:18 em 22 de maio de 2015:

    Caro Paulo Yokota:

    Sem querer desviar-se do tema, não pensei duas vezes ao colocar o meu filho numa academia de judô. Comprei livros de artes marciais japonesas e venho lendo muito sobre a cultura do Japão. Já assisti aos “taiga drama” da emissora NHK, pois reputo muito interessante o período do feudalismo nipônico. Já fui, inclusive, assinante por muitos anos da revista “Made In Japan”. Logo, também estou de acordo com o Olavo Alves, pois considero que muitos brasileiros têm inveja do Japão. Para mim, isso é patente, evidente.

  17. Paulo Yokota
    17  escreveu às 17:09 em 22 de maio de 2015:

    Caro Rodrigo Bina,

    Obrigado pelo comentário. Existem muitas coisas boas nas culturas asiáticas que conhecemos pouco. Mas, o isolamento num arquipélago também provoca problemas, e no mundo globalizado devemos tentar aproveitar os aspectos positivos onde existirem.

    Paulo Yokota

  18. Daniel Perdigão
    18  escreveu às 14:35 em 22 de maio de 2015:

    YOKOTA, eu também quero deixar a minha opinião: a palavra chave é RESPEITO. Certas pessoas, infelizmente, não estão sendo respeitosas com a culinária, a cultura, as artes marciais, os costumes etc. do Japão. Grosserias não levam a nada e só mostram a falta de inteligência do sujeito. Por fim, um estudo mais minucioso do JUDÔ revelará que muitas das supostas inovações do BJJ já existiam. No Japão, aliás, há o chamado KOSEN JUDO. Fui!

  19. Paulo Yokota
    19  escreveu às 17:06 em 22 de maio de 2015:

    Caro Daniel Perdigão,

    Obrigado pelos comentários. Acredito que existem coisas boas como ruins em qualquer cultura. O que precisamos e tentar aproveitar as boas.

    Paulo Yokota

  20. Karla Camargo
    20  escreveu às 20:31 em 22 de maio de 2015:

    Paulinho, os seus tópicos sobre comida japonesa são demais!!!!!

  21. Paulo Yokota
    21  escreveu às 20:32 em 22 de maio de 2015:

    Cara Karla Camargo,

    Obrigado pelo seu comentário.

    Paulo Yokota

  22. Fábio Henrique
    22  escreveu às 17:26 em 9 de setembro de 2016:

    Paulo Yokota,

    O leitor Edvaldo Barreto Braga deveria assistir a uns vídeos de KOSEN JUDO. Ele não entende nada de artes marciais.

  23. Paulo Yokota
    23  escreveu às 10:04 em 10 de setembro de 2016:

    Caro Fabio Henrique,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota

  24. Jessica silva
    24  escreveu às 15:06 em 22 de novembro de 2016:

    Boas,
    Sou apaixonada pela cultura japonesa, e fico maravilhada quando a nível escolar faço trabalhos sobre esta cultura, como foi o caso, a influencia portuguesa na gastronomia japonesa.

    Não acho os japoneses copiadores, nada disso, eles evoluem o que esta por desenvolver, assim são muitas “invenções” de hoje, pega se em algo existente e desenvolve se, assim evolui o mundo.

    Este povo que tanto me maravilha, tem uma cultura de respeito e educação diferente, leva as coisas para um nível mais espiritual, isso permite ainda “cultivar” o valor humano, que muitas vezes é esquecido.

    Isso também se verifica a nível laboral, as grandes empresas valorizam mais o ente humano, que o valor monetário, pois um trabalhador feliz, produz mais e melhor

    Ora então porque será que em outras culturas isso é tão difícil de por em prática?

  25. Paulo Yokota
    25  escreveu às 16:58 em 22 de novembro de 2016:

    Cara Jessica Silva,

    Obrigado pelo comentário. Sempre é difícil, em qualquer cultura aceitar o que vem do exterior. Os japoneses que só conheciam do que havia no Extremo Oriente ficaram maravilhados com o que conheceram dos portugueses, mas depois entenderam que a propagação do cristianismo visava os dominarem politicamente, o que determinou novos séculos isolados dos europeus.

    Paulo Yokota

  26. Daniel Saito
    26  escreveu às 11:30 em 16 de março de 2017:

    A incorporação de pratos e ingredientes entre culturas é um processo comum e normal. A boa pizza paulistana é superior às italianas, em Campo Grande (MS) existe um prato típico chamado sobá (sim, com acento). O mundo só conheceu a batata, o tomate, o milho, e infelizmente o tabaco, depois dos “descobrimentos”. Imagine a culinária italiana e portuguesa sem esses ingredientes. Absolutamente TODAS as pimentas (capsicum) são do continente americano, no Porto não pesca bacalhau, é muito mais fácil encontrar Chop Suey em NY do que em qualquer lugar da China, e temaki com cream cheese, só no Brasil. Isso é uma saudável troca e incorporação de gostos e hábitos.

  27. Paulo Yokota
    27  escreveu às 15:05 em 16 de março de 2017:

    Caro Daniel Saito,

    Acredito que sempre haverá aperfeiçoamentos na culinária em todo o mundo, mas algumas fusões não duram muito. O tempo é um bom fator a ser considerado no sucesso. Pessoalmente, não acho que esta “paulistada”(e sou paulistano) achar que a melhor pizaa do mundo seja a de São Paulo. Já experimentei o sobá de Campo Grande e acho que é muito grosseiro. Tenho dúvidas que todas as pimentas sejam de origem americana, pois no Sudeste Asiático elas já existiam antes do descobrimento. O temaki que se generalizou no Brasil não costuma apresentar a qualidade que se espera de um bom suchi, na minha opinião. Mas existem as pessoas que apreciam péssimos fast food, como refrigerantes açucarados que fazem mal à saúde.

    Paulo Yokota

  28. Daniel Saito
    28  escreveu às 17:05 em 16 de março de 2017:

    Me perdoe se fui bairrista, a intensão era mostrar as influências culturais e não a qualidade das receitas e ingredientes. Isso é subjetivo e portanto susceptível às diversas opiniões. De fato, o sobá de Campo Grande é muito simplório, o temaki paulistano também acho ruim (para não dizer outra coisa). Quanto as pimentas, pode ter certeza, não existiam no resto do mundo antes do descobrimento, são originárias das américas, e entre os trópicos, e daí foi para o mundo. No oriente só existia a pimenta do reino, que não tem parentesco nenhum (não é capsicum, não é pimenta). Nomear pimenta calabresa ou coreana, é como falar do café do Brasil, é só uma apropriação da origem. Aí não tem subjetividade, é fato botânico. Mas isso não importa, é outro assunto. Obrigado por seu comentário!

  29. Paulo Yokota
    29  escreveu às 18:02 em 16 de março de 2017:

    Caro Daniel Saito,

    Sobre a pimenta, vou pesquisas um pouco mais, pois pelo que saiba nos livros chineses antigos parece-me que já se falava deste tipo de condimento na região de Sishuan no sul da China, próximo ao Vietnã.

    Paulo Yokota