Lições Internacionais Sobre Soluções Para Escândalos
26 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: acordos de leniência, casos com o Securities and Exchange Comission, semelhanças apesar das dificuldades
O Brasil não tem o monopólio dos escândalos e este site vem insistindo que o sistema financeiro mundial, com o atual domínio que exerce sobre muitos setores econômicos, continua repetindo suas irregularidades. O site da Bloomberg informa sobre as punições que estão permitindo “waivers” para continuidade de suas atividades.
SEC – Securities and Exchange Comission, uma das entidades mais respeitadas do mundo para fiscalizar as operações no mercado de capitais
É natural que os brasileiros fiquem chocados e indignados pelos volumosos escândalos que estão sendo apontados pela operação Lava Jato, envolvendo grandes empresas e dirigentes da Petrobras. Os corruptos devem ser punidos e as empresas envolvidas precisam arcar com suas responsabilidades, pagando pesadas multas. Mas o Brasil deve encontrar soluções visando o seu futuro, o que está previsto pela legislação que prevê o acordo de leniência, ainda que muitos achem que tais soluções seriam injustas.
Estes acordos devem sem cabais, estabelecidos pela CGU – Controladoria Geral da União, permitindo que as parcelas boas destas empresas continuem prestando serviços para o desenvolvimento da economia brasileira, não podendo ser mais contestadas por qualquer outro organismo. Como não existe uma longa tradição no uso de tais mecanismos, há que se aprender com as experiências do exterior.
A notícia da Bloomberg consta do artigo elaborado por David McLaughlin, Tom Schoenberg e Gavin Finch e informa que seis conhecidos bancos internacionais pagaram uma multa de US$ 5,8 bilhões. Citicorp, JPMorgan Chase & Co., Barclays e Royal Bank of Scotland declararam-se culpados por manipular as cotações do dólar e euro. A UBS Group assumiu a culpa pela manipulação da taxa de juros. Todos possuem volumosas operações no mercado financeiro internacional, e formou um cartel, algo semelhante com o que ocorreu com as empreiteiras brasileiras nas obras relacionadas com a Petrobras.
Confessando-se culpados e arcando com estas volumosas penalidades, receberam do SEC o “waiver” para continuar a gerir fundos de investimento e levantar capitais rapidamente, ainda que muitos interpretem que outras medidas restritivas poderiam ser tomadas. Este é um exemplo da realidade que funciona nas economias para que elas continuem operando, superando problemas que ocorreram no passado. Outros bancos continuam sendo investigados.
Este não é o primeiro nem o último caso, ainda que muitos fiquem escandalizados. Mas é preciso ficar claro que os culpados estão sendo punidos e os prejuízos causados foram reparados com as multas. Algo semelhante deve ocorrer no Brasil, que não tem o monopólio da corrupção no mundo, o que pode parecer lamentável.