O Japão Cuja População Decresce

18 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: estudos sobre o que vem acontecendo no Japão, o que se verifica em regiões brasileiras com as mudanças para regiões dinâmicas, redução da população e problemas regionais | 2 Comentários »

O Japão, como um país onde o decréscimo da população é acentuado, é motivo de muitos estudos, pois existem regiões onde o fenômeno é mais acentuado. Existem indícios de um menor dinamismo até nas suas atividades empresariais, de forma preocupante.

Foto que ilustra matéria no The Japan Times

Nos países emergentes como o Brasil, algumas regiões de ocupações mais antigas acabam dando espaços para novas que ganham um elevado dinamismo, determinando uma mobilidade regional. Vendo um relativo esvaziamento de algumas cidades, nota-se a tristeza decorrente da falta de dinamismo nas suas atividades, sendo difícil de encontrar atividades mais interessantes, como as culturais de tempos históricos que atraiam turistas.

Quando isto acontece na maior parte do país, inclusive nas grandes metrópoles como vem se verificando no Japão com o declínio acentuado de sua população, os problemas acabam sendo nacionais. Um artigo de Eric Johnston, publicado no The Japan Times, refere-se a um livro preparado por Hiroya Masuda, concluído em 2014, que utilizou os dados oficiais do Instituto Nacional de População e Pesquisa da Segurança Social, para mostrar que 896 cidades, vilas e aldeias de todo o Japão, estarão enfrentando o problema da extinção até 2040. Atraiu o interesse de todos, inclusive dos políticos, mas não se consegue reverter esta tendência. Uma pequena compensação na manutenção da demanda está ocorrendo com o aumento de turistas, notadamente da Ásia.

Prevê-se que a atual população japonesa estimada em 127 milhões caia para 107 milhões em 2040 e 97 milhões em 2050. Até regiões relativamente novas do país, como Hokkaido, devem reduzir a sua população em cerca de 10%, sendo dramático entre mulheres e crianças, que em alguns lugares chega a 50%.

Numa pesquisa de 2013, o governo descobriu que das 8,2 milhões de casas vazias, 40% estavam oferecidas para venda ou aluguel. Muitas estão abandonadas, com riscos de incêndio ou ocupadas por marginais.

Pequenas propriedades agrícolas também estão sendo abandonadas, prevendo-se que em 2030 três quarto dos agricultores terão pelo menos 65 anos de idade. Está ocorrendo um fenômeno de aglomeração, com atividades empresariais no meio rural.

As tensões sobre disputas de ilhas com a Coreia do Sul, a China e a Rússia motivam também o abandono de algumas residências pelas suas populações. O governo está oferecendo alguns subsídios para estas ocupações, mas parece não atrair candidatos.

As informações são também, lamentavelmente, que até algumas grandes empresas japonesas estão enfrentando problemas para o seu crescimento, inclusive no exterior. Observa-se que as qualificações dos seus executivos também tendem a deteriorar-se. Na realidade, quando um país está crescendo, ainda que existam muitas dificuldades, elas acabam servindo de desafios que são aceitas pelos jovens para a sua superação.