Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dialogo do Governo e dos Empresários com os Indígenas

2 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a conciliação possível dos interesses, artigo de Helcio Souza no Valor Econômico, o consenso razoável das entidades envolvidas na defesa dos interesses indígenas.

clip_image001O importante artigo de Helcio Souza, coordenador da estratégia de Terras Indígenas da The Nature Conservancy, sobre o diálogo dos empresários com os povos indígenas publicado no Valor Econômico é um avanço que todos gostariam que fosse consolidado para benefício de todas as partes.

Os difíceis entendimentos das usinas hidroelétricas com os interesses indígenas

O Valor Econômico informa que dos 19.673 MW de potência adicional de energias previstas para o período de 2017 a 2021 no Brasil, 82% estão ou interferem em terras indígenas.

Segundo o artigo de Helcio Souza, os povos indígenas no Brasil contam com muitas organizações independentes da FUNAI para a defesa dos seus interesses. Seus líderes acumularam experiências e técnicos foram preparados com mestrados e doutorados em universidades brasileiras. Eles estão comprometidos em fortalecer suas culturas e construir modelos próprios de etnodesenvolvimento, transformando os projetos futuros dessas comunidades.

Em 2012, muitas entidades se reuniram para elaborar a Iniciativa Diálogo Empresas e Povos Indígenas para criar uma agenda positiva nestes entendimentos. O artigo informa que está em andamento a elaboração das Diretrizes Brasileiras de Boas Práticas Corporativas com Povos Indígenas para orientação básica sobre o desenvolvimento de capacidades internas das empresas para relacionamento com indígenas, além de mecanismos de monitoramento e avaliação de impactos, requisitos para consultas e acordos com esta população.

Comparando com as décadas passadas, quando eu era diretor do Banco Central do Brasil relacionado com os financiamentos agrícolas e alguns projetos governamentais de envergadura, inclusive a construção da Transamazônica, ou na presidência do INCRA que tinha muitos projetos de colonização e regularizações fundiárias, pode-se afirmar que estes relacionamentos com os indígenas e seus interesses avançaram muito. Mesmo que já houvesse orientações como do Banco Mundial e tivéssemos consciência da necessidade do desenvolvimento sustentável com uma convivência com os indígenas e suas reservas, nada do que foi feito no passado se iguala com o que está sendo tentado hoje.

Mesmo que todos os problemas não tenham se resolvido, além dos responsáveis pela defesa dos interesses indígenas e deles próprios terem se preparado, parece que existem espaços para negociações mais organizadas, ainda que sempre haja interesses em sensibilizar a opinião pública com exageros das campanhas pelas mídias disponíveis, que acabam sendo mais emotivas que racionais.