Por Que o Brasil Perde Terreno no Mundo em Café?
1 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: apesar de maior produtor e exportador de café, até australianos estão se destacando, presenças internacionais de cafés sofisticados
Ainda o Brasil é conhecido no mundo como o maior produto e exportador de café. No entanto, tanto a nossa bebida como os nossos baristas não se destacam no mundo, que continua aperfeiçoando suas formas mais sofisticadas de apreciar a sua qualidade.
O australiano Sasa Sestic venceu o World Barista Championship deste ano competindo com representantes de 50 países
Minha suposição é que o Brasil optou pela quantidade em vez de perseguir a qualidade, além de contar com um imenso mercado interno. Isso o dispensou de disputar com outros países que continuaram aperfeiçoando as formas de usufruir o melhor do que o café permite. Cheguei a ser o representante brasileiro na Organização Internacional de Café, com sede em Londres.
A Austrália, pela tradição inglesa, era um país onde o chá predominava, mas agora organizações internacionais como a Starbucks estão presentes com suas lojas praticamente em todos os países relevantes. Os italianos se destacaram pela apreciação do café fino e caminharam com outros europeus para a utilização de cápsulas que facilitam o manuseio do café na sua preparação final, inclusive com um blend elabora com diversos sabores.
Há que se admitir também que existem paladares de preferência dependendo dos consumidores de um país. O fato concreto é que não se conhece uma rede significativa de propriedade de brasileiros no mundo, enquanto novos como o deste australiano começam a ampliar suas presenças pelos países do Pacífico, incluindo grandes metrópoles como Nova Iorque, segundo um artigo publicado no The Japan Times, com base num despacho da agência Jiji.
Começa a aumentar recentemente no Brasil a produção de cafés finos envolvendo alguns agricultores, como baristas. O Coffee Lab, da Isabela Raposeira, é uma ativista que vem trabalhando neste sentido. Também algumas redes brasileiras começam a se ampliar em diversos lugares do Brasil, aventurando-se também pelo exterior.
O que parece importante é que os brasileiros, principalmente as autoridades, tenham a plena consciência que o Brasil continua sendo conhecido no mundo, entre outros aspectos como o futebol, pelo café. Já existem produções em diversas regiões do país com elevada qualidade, como apreciadores dos de boas qualidades que começaram a aumentar com a importação das cápsulas europeias.
Temos condições de apresentar café de ótima qualidade, diferenciadas, para os consumidores do mundo. Os colombianos foram hábeis para suas divulgações, como alguns centrais-americanos. Em Tóquio existe um famoso Café Paulista desde a década de 1920 que continua apresentando produtos de qualidade no famoso bairro de Ginza.
Quando as atuais condições econômicas do mercado brasileiro não se encontram nas melhores situações, parece que jovens empreendedores poderiam se organizar para uma posição mais agressiva no exterior, aproveitando o conhecimento do Brasil como um grande produtor de café, agora, inclusive com os de qualidade.