Pressão Sobre o Primeiro-Ministro Shinzo Abe

5 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: necessidade de moderação nos posicionamentos internacionais., o pronunciamento do Imperador do Japão, pressão de segmentos moderados | 8 Comentários »

Muitos segmentos da opinião pública japonesa entendem que os profundos remorsos expressos pelo Imperador Akihito do Japão sobre os erros cometidos durante a Segunda Guerra Mundial, no jantar oferecido ao presidente das Filipinas Benigno Aquino, seria um tapa de luva de pelica no primeiro-ministro Shinzo Abe.

Presidente Benigno Aquino e o Imperador Akihito l.

Na dura decisão sobre o pronunciamento a ser feito pelo primeiro-ministro Shinzo Abe sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, existem muitas pressões de setores moderados do Japão no sentido de que seja feita uma forte manifestação de remorso sobre os erros cometidos pelos japoneses no passado. Mas Shinzo Abe até agora vem adotando uma posição direitista, achando que as manifestações feitas são suficientes, ainda que vizinhos poderosos como a China e a Coreia do Sul não se sintam satisfeitos.

Shinzo Abe vem adotando uma posição que não agrada a todos os japoneses, divididos entre os que desejam o fortalecimento dos entendimentos com os Estados Unidos e seus aliados e os que querem que os relacionamentos com os vizinhos asiáticos sejam mais diplomáticos, diante principalmente diante dos volumosos entendimentos econômicos e comerciais.

Todos compreendem que a definição japonesa desta posição seja difícil, mas muitos são a favor de um pragmatismo. Num eventual conflito entre o Japão e a China, dificilmente os Estados Unidos terão condições de manter o seu atual apoio aos japoneses, que seriam sacrificados diante dos interesses pela estabilidade mundial. Também a atual hostilidade chinesa diante das disputas sobre algumas ilhas está prejudicando os relacionamentos bilaterais.

Em casos como o do AIIB – Asian Infrastruture Investment Bank, até tradicionais aliados dos Estados Unidos, a começar pelo Reino Unido e até a Austrália, acabaram aderindo à iniciativa chinesa, pragmaticamente, diante dos interesses no desenvolvimentos de projetos de infraestrutura, dentro do amplo programa do estabelecimento de uma nova Rota da Seda ligando a Ásia à Europa.

Todos reconhecem que os Estados Unidos enfrentam problemas diante da falta de um consenso entre Democratas e Republicanos, com a administração Barack Obama em sua fase final, quando luta para preservar o mínimo de comando.

No Japão, o problema das tropas norte-americanas, como nas bases de Okinawa, criam atritos constantes. As autoridades da província okinawana estão diametralmente contrárias ao que vem sendo tentado pelo governo central. O que parece pragmático é que todos os episódios lamentáveis relacionados com a Segunda Guerra Mundial há 70 anos sejam deixados para o passado e passe a se encarar o que deve acontecer no futuro.

Mas sempre existem em todos os lados segmentos extremados que têm dificuldade de admitir sua culpa pelo que aconteceu no passado. Há que se verificar que na Europa as soluções acabaram sendo mais razoáveis. A perpetuação do clima de conflito pouco contribui para o aperfeiçoamento que deve ser perseguido para o futuro e existem muitas coisas que podem ser feitas pelos intercâmbios internacionais com proveitos recíprocos para todos os povos envolvidos nestes assuntos, o que é mais fácil de ser expresso por quem não pesam responsabilidades das decisões.