Raro Artigo Mal Elaborado Sobre Hokusai no The Economist
8 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: embora cultura não seja a sua especialidade, o artigo sobre Katsushika Hokusai é decepcionante ainda que procurando suas vastas influências no Ocidente., The Economist costuma elaborar com cuidado artigos sobre os mais variados assuntos
Ainda que esteja havendo uma deterioração em grande parte da mídia internacional, o The Economist é ainda uma das mais cuidadosas nos artigos sobre os mais variados assuntos. No seu site publica, infelizmente, um artigo sobre Katsushika Hokusai que não faz justiça ao seu prestígio.
A gravura de Katsushika Hokusai, a mais divulgada no mundo, que ilustra o artigo publicado pelo The Economist sobre o artista
O artigo foi elaborado em Boston, pois no Museum of Fine Arts in Boston possui uma coleção respeitável de artistas japoneses, sendo que uma seleção de seu acervo percorre o mundo, inclusive o Japão onde tive a oportunidade de apreciá-lo. Sem dúvida, a “Grande Onda” é a obra mais divulgada, mas o artista japonês, falecido em 1849 com 90 anos de idade, muito para a época, é autor de uma produção rara entre qualquer artista no mundo ao longo de sua vida. É injusto afirmar que todo o seu trabalho ficou ofuscado pelo destaque desta obra, considerada a mais divulgada por todos os países, necessitando observar-se que na sua carreira houve diversas fases.
É incorreta a informação que sua perspectiva teve origem no que ele aprendeu da arte ocidental. O surpreendente é dele ter desenvolvido uma técnica de perspectiva totalmente diferente da que era conhecida no Ocidente, impressionante para os artistas europeus.
Também houve uma fase na carreira de Hokusai na qual se dedicou a elaborar trabalhos importantes para os templos, época em que não tinha ainda desenvolvido a arte acessível ao grande público, com as gravuras que custavam muito pouco pela quantidade de cópias possíveis.
O que impressiona no seu trabalho é a quantidade de cores utilizadas nas gravuras que chegaram a impressionar, como registra o artigo, até Paul Gauguin e Vicente van Gogh, influenciando a Art Nouveau.
É natural que na sua longa carreira Hokusai tivesse muitas fases diferentes, mostrando a evolução do seu trabalho. Também não foi somente ele que influenciou o Ocidente criando o chamado Japonisme, pois o intercâmbio artístico com o Oriente ainda era muito pequeno.
Mas é importante reconhecer que esta coleção do Museum of Fine Arts de Boston, começando pelo Japão, percorra o mundo para mostrar como os artistas japoneses influenciaram a arte no Ocidente.