Administração dos Recursos dos Fundos de Pensão
10 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: os japoneses contam com mais idosos com idade média mais elevada, políticas que podem servir de exemplos para outros países., problemas universais
Um artigo de Eleonor Warnock, do The Wall Street Journal, refere-se à atuação de Hiromichi Mizuno, o principal executivo responsável pelo Japan’s Government Pension Investment Fund, que pode ser uma referência interessante para outros países.
Hiromichi Mizuno, do Japan’s Government Pension Investment Fund, na foto que ilustra matéria no The Wall Street Journal
Hiromichi Mizuno, segundo o artigo publicado no The Wall Street Journal, é o principal responsável pela administração de US$ 1,1 trilhão, contando somente com cerca de 80 funcionários. O fundo público de pensão do Japão, que deve proporcionar os recursos para a aposentadoria da nação mais idosa do mundo, é considerado uma das instituições mais conservadoras entre as similares.
Eles não utilizam celulares e nem os terminais da Bloomberg, que é usual neste segmento financeiro. Enfrentam o desafio de financiar as populações que envelhecem, onde o Japão está na sua vanguarda. Precisam caminhar para as ações depois de longo período dependente dos rendimentos dos títulos dos governos, que estão baixos.
O esquema acima que está no artigo mostra como os principais fundos pretendem gerar os recursos necessários para estas aposentadorias
Sou testemunha que os japoneses se preocupam com este assunto há mais de 50 anos e vêm estudando todos os sistemas previdenciários existentes no mundo, inclusive o do Brasil. Como os dados demográficos estão entre os mais estáveis, os problemas que enfrentam agora não são surpresas.
Ainda que algumas ações de empreendimentos em infraestrutura proporcionem melhores resultados do que os títulos públicos, com os riscos envolvidos existem resistências políticas para mudanças, o que pode ser feito somente com grande cautela. Ele está consciente que os títulos públicos não devem apresentar retornos apreciáveis no futuro e que mudanças precisam ser experimentadas.
Os mercados são sensíveis a estas mudanças, que devem conter ações de empresas do Japão, mas uma parcela maior do exterior. Não se pode depender de altas temporárias como as que estão ocorrendo atualmente e sua gestão depende de executivos experientes. Mizuno têm experiências nos Estados Unidos e em Londres e ele tinha seus receios, pois as remunerações públicas são bem abaixo do setor privado, apresentando riscos para a sua reputação. Mas acabou aceitando como um dever para o seu país.
Ele fica subordinado ao ministro de Bem-Estar do Japão, que pensa aperfeiçoar a legislação e instalar um conselho de administração para ajudá-lo nesta tarefa. Os condicionamentos também estão presentes, pois no setor privado contava com maior assistência de pessoal qualificado e o primeiro-ministro evitou interferências do ministério nesta tarefa. Mas a transparência é inevitável, como eventuais críticas.
Os sigilos sobre os investimentos estão preservados, mas somente o tempo vai mostrar que os resultados estão sendo alcançados, numa perspectiva de prazo muito longo. Mudanças no Japão são sempre difíceis, mas algumas precisam ser rápidas, sem que o mercado tenha nenhuma indicação destas políticas.
Não se podem invejar as responsabilidades a que estão sujeitos, nem os poderes com que possam contar. O equilíbrio de tudo isto exige muita serenidade, exigindo uma forte postura zen.