Ainda a Aquisição do Controle do Financial Times
24 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: o programa de ampliação da cobertura mundial, o uso dos meios eletrônicos., preservação da independência editorial do Financial Times, pronunciamento dos dirigentes do Grupo Nikkei
Após a aquisição do controle acionário do Financial Times, os dirigentes máximos do Grupo Nikkei concederam entrevista à imprensa esclarecendo as posições tomadas.
Presidente Naotoshi Okada e Chairman Tsuneo Kita do Grupo Nikkei, na entrevista à imprensa
O presidente e o chairman do Grupo Nikkei esclareceram que a independência editorial do Financial Times está assegurada, como era de se esperar. O assunto foi objeto de um artigo de Mariko Tai, do Nikkei, e foi publicado no Nikkei Asian Review.
Eles afirmaram (tradução livre): “Nós confiamos nos diretores gerentes e nos editores chefes do Financial Times. Quanto mais forte o Financial Times, melhor para o Nikkei”. O presidente Okada explicou que o foco do Nikkei está na expansão global, com uma ênfase especial na Ásia, onde o número de jornalistas está dobrando, conquistando a sua reputação sendo a Ásia um dos seus melhores negócios. O controle do Financial Times vai permitir maior cobertura jornalística com qualidade internacional.
O Nikkei vem expandindo na Ásia como resposta ao declínio no Japão, e adquirindo o Financial Times foi a melhor parceria para a expansão global, segundo o chairman Kita. Com a parceria, esperam ser um dos mais importantes jogadores na concorrência global. Foram esclarecidos alguns detalhes da operação.
Eles receberam uma pergunta da Pearson, organização que detinha o controle acionário da Financial Times e que está se expandindo no setor educacional, inclusive no Brasil, sobre o eventual interesse em adquirir o Financial Times há cinco semanas. Examinaram o assunto e foram a Londres para falar diretamente com John Fallon, o CEO da Pearson. Após algumas rodadas de negociações, o chairman Tsuneo Kita foi para Londres conduzir as negociações.
Na quinta-feira passada, já de volta a Tóquio, realizaram uma teleconferência e as duas partes estabeleceram o preço de 844 milhões de libras (US$ 1,3 bilhão), e concordaram em assinar o contrato que superou as negociações que havia com o grupo alemão Axel Springer. Kita confessou-se leitor do Financial Times há 25 anos.
O que se pode observar é que o Nikkei está se tornando realmente global, pois esta velocidade não é usual para os grupos japoneses. E certamente já havia uma convicção de que havia necessidade de fusão com um grande jornal ocidental, com força para a expansão pelos meios digitais que está se tornando corrente na imprensa mundial.
Pode-se acrescentar que o Valor Econômico do Brasil também segue o mesmo tipo de orientação, contando com uma versão eletrônica que antecede as redações impressas, como vem sendo adotado pelo Financial Times. No caso da Bloomberg, não se dispõe da versão escrita, sendo que também o The Wall Street Journal está dando importância para as assinaturas eletrônicas.
Também se observa que estes jornais econômicos começaram pelo fornecimento das cotações do mercado financeiro, caminhando também para assuntos políticos, tecnológicos e comerciais de todos os tipos, proporcionando uma visão mais ampla para todos que desejam usar também os dados econômico-financeiros.