As Duras Lições dos Jogos Panamericanos
27 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: apesar da menor importância do Pan de Toronto 2015, difícil manutenção do que já tinha sido conquistado, ensaio do que vem acontecendo em muitos esportes, novas modalidades, subavaliação dos adversários
Muitos países não enviaram suas equipes principais para os Jogos Panamericanos, mas o Brasil está se preparando para os Jogos Olímpicos do Rio 2016 e deveria elevar o moral dos seus esportistas nas várias modalidades, para não desempenhar um papel ridículo no próximo evento mundial. No entanto, em setores onde já contava com razoável capacidade competitiva, subestimou os adversários, o que é um erro fatal, ao mesmo tempo em que em diversas modalidades nas quais não era conhecido teve a humildade de utilizar as lições de técnicos estrangeiros habilitados, conquistando vitórias inesperadas.
QUADRO DE MEDALHAS
Detailed Medal Standings Medal Count
Rank |
Country |
Gold |
Silver |
Bronze |
Total |
1 |
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2 |
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3 |
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4 |
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5 |
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6 |
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8 |
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Os oito países que conquistaram mais medalhas, segundo o site oficial dos jogos
Ainda que o objetivo não fosse demonstrar a preparação que estava se efetuando para as Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016, a oportunidade era ímpar, e em muitas modalidades não se conquistou o ouro por absoluta falta de respeito aos adversários, o que é da alçada das autoridades que escolheram as equipes que foram enviadas. Sempre que possível haveria conveniência de enviar as melhores equipes e, em algumas modalidades onde não se obtinha resultados expressivos há muito tempo, conseguiu-se ouro. Em outros, mesmo chegando às finais, não se notou uma garra das equipes brasileiras para superar equipes adversárias que poderiam ser inferiores ou que apresentavam igualdade de condições. O resultado geral acabou sendo modesto.
A dificuldade de compreensão para o público é que houve retrocessos em muitas modalidades e em outros, com treinamentos no exterior ou utilizando-se técnicos de países mais tradicionais, obteve-se resultados inesperados, conseguindo-se manter a terceira posição no total das medalhas obtidas, atrás dos Estados Unidos e dos anfitriões canadenses.
Para quem está se preparando para o evento mundial maior em 2016, o resultado global acaba parecendo pouco, com o risco de, mesmo como país anfitrião, não se conseguir avanços substanciais. Outros países europeus e asiáticos devem apresentar resultados que não honrarão a posição brasileira no contexto mundial.
Se países desenvolvidos como o Canadá apresentaram diversos problemas num evento menor, deve-se conscientizar de todas as dificuldades que serão enfrentadas no Rio de Janeiro em 2016, a começar pela infraestrutura para as Olimpíadas, dentro de um quadro de problemas econômicos e políticos local. Até agora, as indicações dos avanços esportivos parecem preocupantes.
É evidente que o público brasileiro é exigente e esperava mais de suas equipes, demonstrando que avanços estão sendo obtidos, notadamente naquelas modalidades onde já tinha conquistado resultados mais expressivos. Sem o entusiasmo do público e de todos os meios de comunicação que estão ligados aos esportes, não se pode aguardar que as Olimpíadas ajudem a elevar o moral da população que está colocado em dúvida.
Onde tecnicamente ainda não somos competitivos, a garra e o entusiasmo poderiam ser ingredientes compensadores, mas com os resultados do Brasil nesta Pan Toronto 2015 não parece que o entusiasmo nacional tenha se elevado. Ainda é tempo para se corrigir alguns defeitos, mas se houver uma patriotada na avaliação, pode ser que os resultados futuros não sejam os esperados. Qualquer país que investe pesado em eventos como as Olimpíadas espera resultados que ajudem nos avanços em outros segmentos, e o Brasil está carente desta elevação de seu moral.