As General Tradings Companies Japonesas
15 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: aglomerados complexos difíceis de serem definidos., artigo no Bloomberg sobre as General Tradings Companies japonesas, o que são hoje depois de cerca de 400 anos
Um artigo escrito por Yuriy Humber e Ichiro Suzuki e publicado no site da Bloomberg questiona o que seriam hoje as General Tradings Companies japonesas, conhecidas em japonês como sogo shoshas. Tomaram como base o caso da Mitsui & Co.
As General Tradings Companies japonesas atuam em todo o mundo.
As sogo shoshas japonesas, entre as mais conhecidas como a Marubeni, Itochu, Sumitomo, Mitsubishi, Mitsui e Sojitsu, são grandes organizações, sendo que muitas se originaram há cerca de 400 anos. Como a maioria das empresas da época atuava no setor têxtil, como o de lã e algodão, e alimentos, foram se ampliando ao longo do tempo e são hoje complexos que envolvem as mais variadas atividades, procurando tirar partido de sua dimensão e conhecimento de diversos setores, tanto de comércio, indústria, bancos, serviços como de agropecuária ou construção civil. Procuram a sinergia existente entre elas.
Elas começaram familiares, sendo que muitas preservam até hoje o nome delas. Não costumam ser mais grupos fechados e hoje atuam relacionando empresas de diversos aglomerados sempre que tiveram oportunidades, tirando o máximo partido de suas dimensões e relacionamentos por todo o mundo.
Muitas das empresas que foram criadas para atividades específicas dentro de um aglomerado, hoje chegam a até a agir de forma independente, quando contam com dimensões para tanto. Também se associam com outras japonesas ou estrangeiras, dependendo da oportunidade gerada pelos seus conhecimentos.
Quando as comunicações e os transportes ainda eram precários, elas tinham a possibilidade de contar com escritórios em diversos países, ajudando outras empresas a localizarem oportunidades de negócio. Hoje, com as facilidades existentes, muitas empresas atuam de forma independente, contando com setores de comércio e financiamento que independem destas General Tradings Companies.
A dimensão acaba criando também burocracias que exigem volumosos recursos para poder prestar serviços eficientes. Os seus custos implicam em cobranças de suas remunerações, sendo que algumas empresas, pelo volume dos seus negócios, podem contar com setores para prestarem estes serviços.
O tempo foi modificando suas necessidades que tiveram períodos de prioridade para determinadas atividades. Alguns pré-investimentos eram efetuados por elas até chegar-se à convicção de que são atividades que proporcionam retornos interessantes por um bom período.
Também suas utilidades foram se alterando diante das particularidades das legislações japonesas. Os imóveis no Japão costumam ser contabilizados pelos seus valores históricos, havendo muito de poucos yens que estão localizados em áreas bastante valorizadas. Se vendidos, os ganhos de capital acabam sendo tributados, o que tende a fazer que muitos sejam preservados para atividades sociais de interesse do grupo.
Depois que o Japão perdeu a Segunda Guerra Mundial, muitos destes grandes grupos acabaram sendo desmantelados pelos vitoriosos, no caso pelos ocupantes norte-americanos. Mas, como o mundo continua em mutações, também estes aglomerados vão se ajustando às novas necessidades.
Com a atual disseminação do uso da internet, também o e-commerce acaba sendo um novo foco de atividades, onde eles procuram se expandir. Acaba sendo um processo que não tem um fim, procurando atividades que proporcionem adequadas rentabilidades para os investimentos, utilizando os recurso humanos que acumularam muitos conhecimentos. As grandes limitações dos japoneses continuam sendo a sua cultura, com as naturais dificuldades de entenderem adequadamente os complexos problemas políticos no exterior que possuem evoluções que nem sempre são de clara compreensão dos japoneses.
Muitos dos grandes prejuízos que foram arcados por estas sogo shoshas decorrem das mudanças políticas que ocorreram em muitos países. Também parece que não existem mais empresários estadistas capazes de visualizar o que vai continuar a ocorrer no futuro.