Fim de Festa no Brasil Para o The Economist
30 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no The Economist sobre a situação brasileira, esforços de Joaquim Levy., o rating da S&P, situação macroeconômica
A revista The Economist deste próximo fim de semana expressa num artigo que é o Fim de Festa para o Brasil, com a redução da classificação do Standard & Poors, que coloca a situação a um degrau da situação do grau de investimentos que tinha conquistado. Na realidade, o país não conseguiu aproveitar o período favorável que começou em 2008, quando o governo Lula da Silva comemorou este grau de investimento que foi concedido à economia brasileira, pois gerava superávits comerciais.
Ilustração antiga da revista Carta Capital sobre o fim de festa
Ainda que o problema tenha se iniciado na administração de Fernando Henrique Cardoso, que concedeu menor prioridade à expansão das atividades exportadoras do Brasil para o seu desenvolvimento, levando a sucessivas necessidades de assistência do FMI, parte dos problemas continuou na administração de Lula da Silva. Ele tinha como ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que só beneficiou os bancos e os que usufruíam dos fluxos financeiros, que chegaram a render mais de 35% ao ano em dólares, deixando muitos privilegiados satisfeitos.
Quando a economia brasileira se beneficiou dos aumentos dos preços de suas commodities, principalmente pelo desenvolvimento que ocorreu na China e estimulou o mundo, não se conseguiu um diagnóstico claro, fazendo com que no período fossem criando as condições para a continuidade das exportações. Consumiu-se o que estava ajudando a economia brasileira com a criação positiva da nova classe média, o que continuou a acontecer com Dilma Rousseff e sua administração. Os investimentos mereceram menor atenção, bem com o aumento da produtividade.
Agora que a China sofre alguns solavancos com a redução do ritmo do seu desenvolvimento, o Brasil, que exporta muitos minérios e produtos agropecuários para aquele país, está sofrendo, como o resto do mundo, os efeitos destes ajustamentos que provocam fortes quedas dos preços destes produtos. A economia brasileira que já acumulava muitos problemas, inclusive de corrupção, no quadro político passou a não contar mais com os ventos favoráveis do exterior, pelo contrário.
O acúmulo de todos estes problemas levaram a necessidade de ajustes violentos que começaram no novo mandato da Dilma Rousseff que teve que contar com Joaquim Levy como novo ministro da Fazenda, para fazer todos estes ajustes, principalmente fiscais, quando aumentavam as reivindicações populares e dos políticos para as manutenções impossíveis dos privilégios passados.
Tornaram-se indispensáveis cortes substanciais nos dispêndios do governo, insuficientes mesmo com algumas elevações dos tributos, quando a economia em declínio proporcionava receitas tributárias mais baixas, exigindo novos esforços. O prestígio do governo veio abaixo. Ao mesmo tempo, as pressões inflacionárias reproduziam as inflações passadas com as indexações que não se conseguiu eliminar.
O quadro econômico, político e social é dramático, dando realmente um clima de fim de festa, dentro de um panorama internacional pouco favorável. Funcionários públicos, sindicalistas, aposentados, todos estão sendo afetados, bem como os jovens que estão ficando sem perspectivas de bons empregos com remunerações adequadas, ao lado do aumento de desempregados. O combate necessário à corrupção tumultua o quadro, onde o governo não consegue apoio do Congresso para o mínimo de reformas indispensáveis.
Os que estavam acostumados a elevados dispêndios têm dificuldades para efetuar os sacrifícios indispensáveis. O governo não consegue criar uma perspectiva futura de recuperação, pois também o setor privado que poderia efetuar os investimentos necessários não consegue contar com a confiança no governo e futuro próximo, que apresenta evidentes problemas de comunicação social.
As perspectivas mais otimistas só podem ser apresentadas para um futuro mais longínquo. Este quadro não é exclusivo do Brasil, mas infelizmente de todo o mundo. Só com muita paciência e muita persistência poderá se chegar a uma situação mais otimista.