Infindáveis Discussões Entre Otimistas e Pessimistas
19 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: argumentos de ambas as correntes, artigo do Martin Wolf do Financial Times publicado pelo Foreign Affairs, posições possíveis para o futuro.
Todos reconhecem que Martin Wolf, o principal comentarista econômico do Financial Times, está entre os mais capazes para abordar assuntos complexos como estes debates, como fez num artigo publicado no Foreign Affairs, que sempre estimula discussões relevantes, como já reconhecido neste site.
Foto histórica de Little Italy em Nova Iorque, em torno de 1900, semelhante a que ilustra o artigo no Foreign Affairs
Seria difícil de prever no começo do século XX que a aparente confusão, como mostra a foto acima, que era parte da cidade de Nova York se tornaria o que ela é hoje. Estas projeções para o futuro dependem do pessimismo ou otimismo dos seus autores. Os que analisam problemas econômicos tendem a ser pessimistas, pois trabalham com recursos sempre escassos para atender as necessidades desejadas por todos.
Mas também se reconhece que a disseminação do pessimismo em nada ajuda no processo de desenvolvimento econômico, pois este acaba ocorrendo com o chamado espírito animal que alguns empresários possuem e pelo qual ousam apostar que no futuro os investimentos que fazem vão lhes proporcionar resultados compensadores, mesmo com a opinião contrária dos economistas.
O longo artigo de Martin Wolf lista os argumentos apresentados tanto pelos pessimistas como pelos otimistas ao longo da história posterior à revolução industrial. Como em muitas fases da história, o que ocorre atualmente é a possibilidade de ampliações das eficiências em decorrência de inovações como as que estão sendo introduzidas nas atividades produtivas com a disseminação das tecnologias de computações e transmissões rápidas dos conhecimentos por meios como a internet. Mas também existem cenários adversos pela exacerbação das aspirações populares, que não encontram políticos capazes de galvanizarem no sentido positivo.
Verifica que ciclos de inovações sempre trouxeram novas possibilidades, mas também alguns inconvenientes. Observa atualmente que, com a rapidez das comunicações, muitas informações tendem a se tornarem mais superficiais, dando prioridade à velocidade na sua obtenção do que na veracidade de algumas delas.
Da discussão, o autor lista algumas orientações que poderiam ser adotadas para o futuro, depois de repassar pelas principais discussões do passado. O primeiro é que sempre existem efeitos positivos e negativos, necessitando-se acreditar que os bons podem ser aproveitados e os maus serem gerenciados. O segundo seria deixar de pensar que a educação seria uma varinha mágica que resolve todos os problemas. Os que podem executar somente tarefas simples terão dificuldades de emprego, havendo necessidade de conhecimento e de capacitação para elevado nível de criatividade para superar os naturais obstáculos.
O terceiro seria o problema da distribuição dos benefícios onde alguns acabam dispondo da possibilidade de lazer em detrimento de uma massa de trabalhadores que tendem a ficar desempregados ou mal remunerados. De onde decorre a quarta necessidade da existência de mecanismos de redistribuição, impondo restrições para atividades como as poluidoras, que é uma atitude eminentemente política. Lamentavelmente, muitos os políticos visam seus benefícios e não dos que lhe deram suporte.
O quinto seria garantir a demanda de mão de obra com o aumento da oferta potencial, o que é sempre difícil, tanto com o uso do mercado como de diretrizes governamentais, mas que poderia ser executado melhor do que tem sido feito. O auxilio crescente das máquinas exige um sistema de gerenciamento das mudanças que apresenta suas dificuldades, tanto no governo como no mercado.
Na realidade, parece que estas dificuldades não se resumem aos países emergentes como o Brasil, mas se repetem também nos países já industrializados, que estão aumentando seus serviços. Seria somente num processo interativo e democrático, com o máximo do uso da racionalidade, ainda que procurando atender às aspirações populares.