Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Lamentável Nível de Suicídio no Japão

6 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a falta de assistência psicológica, artigo do BBC publicado no site da UOL, falta de tradição da abertura para conversas pessoais, o problema da saída honrosa, os problemas econômicos.

Este é problema doloroso para ser tratado e sobre o qual muitos desejariam contribuir para a reversão desta tendência, mas são poucas as sugestões para que se possa minorá-la.

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Uma das estatísticas sobre o suicídio e suas causas no Japão, que não são unânimes

Ninguém, a não serem os masoquistas, gosta de discutir sobre os problemas desagradáveis e existe um ditado japonês que diz: “sobre problemas mal cheirosos, tampa” (kusai mono niwa futa), mas como o problema do suicídio elevado no Japão é crucial, muitos acabam tratando do assunto. Um longo artigo originário do BBC foi publicado no site do UOL, que parece bastante correto.

O artigo menciona que o mesmo problema ocorre na Coreia do Sul (28,9), e o índice mencionado do Japão de 18,5 suicídios por 100 mil habitantes seria superior aos dos principais países desenvolvidos. Três vezes ao do Reino Unido (6,2), 50% acima dos Estados Unidos (12,1), da Áustria (11,5) e da França (12,3). Mas pode ser mais elevado, pois nem todos são registrados.

Alguns interpretam que na cultura japonesa, que vem desde o período dos samurais, o suicídio seria uma saída honrosa quando ocorre um impasse e não haveria a influência do cristianismo que o considera pecado. Parece razoável admitir que os japoneses, e também alguns orientais, tendem a ser introvertidos, não sendo de sua cultura discutir problemas pessoais com outros, o que aprofundaria a depressão.

Talvez por consequência desta atitude, não existam muitos psiquiatras entre os japoneses e não há serviços desta natureza em muitas instituições, como as escolas. Com os problemas ocorridos com os maremotos de Fukushima, muitos jovens ficaram órfãos, mas não contavam nas escolas com serviços para os auxiliarem na superação dos seus traumas.

Parece que existe uma tendência do aumento do problema depois da crise mundial de 2008, quando muitos ficaram sem condições de se adaptar às mudanças que estão ocorrendo na economia local. Também é necessário registrar que o antigo hábito de cuidar dos idosos da família decorrente dos ensinamentos de Confúcio não está mais sendo aplicado na sociedade japonesa, onde os jovens os deixam isolados. Esta falta de sociabilidade parece não se restringir às famílias.

A população japonesa está aumentando seus idosos e os serviços para os seus atendimentos sociais não são suficientes. Muitos vivem sozinhos e nem suas mortes são percebidas rapidamente. Mas o lamentável é que os suicídios não se restringem aos idosos, mas também ocorre com jovens que combinam suicídios coletivos, até com desconhecidos, pela falta de perspectivas para suas vidas.

Com as crescentes preocupações das autoridades japonesas sobre o assunto, espera-se que sejam tomadas medidas desde o nível educacional para discutir e tratar do assunto. Parece indispensável que no atual mundo globalizado os japoneses aumentem os seus relacionamentos sociais, começando com seus círculos mais restritos. Ainda que estas mudanças culturais sejam difíceis. Discutir seus problemas parece ser uma mudança indispensável. E mecanismo para se tratar estes problemas como de assistência social parece indispensável, ainda que existam limitações econômicas para tanto. Numa sociedade em que o crescimento populacional é crucial, parece um grande desperdício perder tantas vidas com o seu abreviamento até entre os mais jovens.

Não parece existir uma solução simples, mas ficar inerte diante deste problema parece não ser aceitável.