O ICBC Industrial and Commercial Bank of China
15 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: clareza nas posições, entrevista do presidente do ICBC no Valor Econômico, possibilidades na América do Sul e no Brasil.
Zhao Guicai, o presidente do ICBC Industrial and Commercial Bank of China, com ativos de US$ 3.062 bilhões, mostrou numa entrevista concedida ao Valor Econômico como é franco sobre as intenções chinesas com o Brasil, tendo percorrido em cinco dias 2.100 quilômetros de Mato Grosso, Rondônia e Acre.
Zhao Guicai, presidente do ICBC, o maior banco do mundo
É raro encontrar uma personalidade bancária com esta determinação, mostrando que a China, mesmo com todas suas limitações, pretende realmente intensificar suas operações no Brasil e na América do Sul, como expressou o primeiro-ministro chinês Li Keqiang quando de sua recente viagem a esta parte do mundo.
Um importante banqueiro costuma ser reservado, expressando somente generalidades das intenções de organizações que dirigem com relação a qualquer país ou região no exterior. Mas, na longa entrevista concedida a Fabiana Lopes e Vanessa Adachi, só deixou de responder a questão relacionada ao possível interesse pelo HSBC, detalhando as respostas sobre todas as demais questões, mostrando uma visão operacional de grande importância internacional.
A entrevista permite entender que o ICBC adota uma política dentro dos padrões mais tradicionais para as operações bancárias, com o cuidadoso exame das viabilidades econômicas dos projetos e garantias usuais a estes bancos. A agressividade da China até na América do Sul não dará lugar a aventuras como já vem fazendo em 43 diferentes países no mundo.
Quem entende que suas atividades no Brasil ainda são modestas, envolvendo riscos somente de US$ 100 milhões, além de US$ 3 bilhões com a companhia JetBlue na forma de leasing, podem avaliar o cuidado com que atuam, apesar de reconhecer a potencialidade da economia brasileira para um futuro mais longo. Mesmo com a presença modesta de quatro bancos chineses no Brasil, nota-se que o ICBC não adotará uma política que fuja às melhores práticas bancárias.
Fica claro que pretendem apoiar as empresas chinesas nos seus relacionamentos bilaterais do Brasil com a China, visando o aumento do intercâmbio comercial e financeiro internacional. Desde que os projetos, como as ligações dos sistemas de transporte entre o Atlântico e o Pacífico, demonstrem suas viabilidades econômicas e financeiras poderão dar os seus suportes.
Reconhecem que o Banco Central do Brasil vem ajudando para consolidarem suas atividades neste país, e que os bancos locais apresentam comportamentos seguros, importantes para os bancos. Portanto, o que pode se esperar são intercâmbios com uma visão de longo prazo de um país com uma história e cultura milenares, não se restringindo ao curto prazo, que costuma empolgar muitos brasileiros.