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A Marcha Para a Sensatez

15 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: disputas de organizações, empresários e jovens liberais, necessidade de instrumentos políticos., o uso das redes sociais, organização das manifestações populares

clip_image002Um artigo de Cristian Klein publicado no Valor Econômico informa o que estaria por trás das manifestações populares: um grupo de empresários e jovens liberais, além do discurso anticorrupção, anti-PT e anti-Dilma, a defesa de um Estado desinchado e de políticas pró-mercado. Isto já existia antes da recente mobilização popular e não conseguia empolgar as grandes massas que eram movidas pelas reivindicações sociais.

O artigo informa que três principais grupos encabeçam os protestos atuais: o VPR – Vem Para a Rua, composto mais por empresários, com estrutura hierárquica; o MBL – Movimento Brasil Livre, mais jovem e inflamado; e ROL – Revoltados On Line, que é de extrema direita. O VPR tem como porta-voz o engenheiro Rogério Chequer, 47 anos, com fala articulada e ponderada, é dono de uma consultoria e informa que o grupo reúne voluntários descontentes com a situação presente. Conversam com partidos políticos de oposição, não tendo uma preferência.

Um dos líderes do MBL, microempresário Renan Santos, 31 anos, é mais inflamado e chega a criticar os medalhões tucanos, não se conformando que o PSDB não empunhe a bandeira do impeachmant da Dilma, tendo ajudado a organizar a “marcha pela liberdade” para Brasília. Outros seus colegas abandonaram os cursos universitários e se consideram liberais ou sócio-liberais. Procuram utilizar as redes sociais.

O ROL é o mais antigo, de extrema direita, tem um discurso raivoso e defende a intervenção militar. Parece evidente que a tendência é de divisões posteriores destas organizações, pelas diferenças ideológicas, de estilo, de bandeiras e gerenciamento das manifestações. Já entre a primeira manifestação e a segunda houve uma redução substancial da participação, havendo indicações que continuará decrescendo, apesar dos novos fatos políticos.

César Felicio, editor de política do Valor Econômico, informa sobre as divergências na oposição dos partidos políticos ao governo, sendo que a agenda proposta por Renan Calheiros, presidente do Senado, foi absorvida pelo governo, provocando um isolamento natural de Eduardo Cunha, presidente da Câmara. A classe C, que se ampliou nos últimos anos, parece desiludida com o ajuste fiscal, não existindo o que possa empolgá-la no momento.

Nos dias que antecedem ao domingo de 16 de agosto, um artigo publicado no site da UOL informa que a Folha de S.Paulo encomendou uma pesquisa para uma empresa de monitoramento de redes sociais, a Seekr. O responsável por ela é Eduardo Luiz Prange Junior.

Pouco mais de 20 mil postagens teriam ocorrido no Twitter, no Instagram, no YouTube e o Google+ entre os dias 10 a 13, menos da metade dos mais de 45 mil que ocorreu na semana anterior ao protesto de 15 de março e os quase 28 mil das vésperas de 12 de abril. A pesquisa não abrange o Facebook e as conversas no aplicativo WhatsApp.

O motivo apontado nesta redução é o menor embate entre a situação e oposição, havendo deserções na base governamental. Outra pesquisa informa que as mensagens atingem poucos não militantes. Também se aponta que não existe mais o sabor da novidade.

Há que se aguardarem os acontecimentos no domingo, e todos se declararão vitoriosos, colhendo os dados que os interessam e apoiam suas posições. O que tudo indica é que o governo conseguiu a adesão de parte dos insatisfeitos estabelecendo uma agenda de discussões de assuntos relevantes para o Brasil, ao mesmo tempo em que se sente certo cansaço com a simples repetição de posições contra o governo, sem que haja propostas novas alternativas às oficiais.