Ajuda Chinesa Para o Equador Pode Custar Caro
5 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: ajudas maciças que implicam em condicionamentos, observações preocupantes do New York Times, outras ajudas chinesas para a América do Sul.
Ninguém imagina que a maciça ajuda chinesa para diversos países no mundo, notadamente para a América do Sul, não tenha objetivos geopolíticos que acabam afetando a influência norte-americana na região no passado. O caso do Equador, levantado num artigo publicado no International New York Times, menciona muitas preocupantes compensações.
O pequeno Equador como parte da América do Sul
O Equador, com cerca de 15 milhões de habitantes e 256.370 km², foi considerado no passado um quintal dos Estados Unidos, como outros países da América Latina. Mas, com a redução da capacidade norte-americana de influenciar a região, abriram-se espaços para outros países que possuem intenções geopolíticas de aumentar suas influências mundiais.
A China, que conta com mais de 4 trilhões de dólares de reservas internacionais, vem aumentando suas assistências, usando parte delas visando diversos países que enfrentam dificuldades no mundo, mesmo que também tenha seus problemas. Seus acertos com o Equador e seu atual governo intensificam presenças chinesas em projetos de infraestrutura, contando como a garantia do fornecimento de produtos que os interessam, como o petróleo. Pertencendo à bacia do Pacífico, o transporte do Equador para a China é relativamente fácil.
Um artigo escrito por Clifford Kauss e Keith Bradsher, originalmente publicado no International New York Times, foi publicado em português no Estadão, procurando alertar o Brasil que também vem recebendo volumosas assistências chinesas, diante das dificuldades enfrentadas com a falta de outros recursos para os seus projetos mais relevantes. Ainda que não haja até o momento vinculações muito explícitas, todos entendem que a China se prepara para aumentar a sua influência no Brasil, num confronto surdo com os Estados Unidos, como o que vem acontecendo em mares asiáticos.
Quando da última visita do primeiro-ministro chinês Li Keqiang ao Brasil colocou-se a possibilidade do início dos estudos da construção de uma ferrovia que passaria do Atlântico ao Pacífico, facilitando o escoamento da produção agropecuária do oeste brasileiro para um porto no Pacífico, além de outros projetos que estão sendo executados com a participação chinesa como a nova linha de transmissão de energia elétrica da Usina de Belo Monte para o Centro-Sul brasileiro.
Também são volumosos os recursos chineses que estão colocados à disposição da Petrobras que enfrenta grandes problemas, carecendo de recursos para os seus projetos. Uma grande lista de outros projetos foi cogitada, ainda que não existam muitos estudos detalhados sobre eles.
O artigo do International New York Times destaca muitos problemas que estão sendo enfrentados pelo Equador com estes projetos junto com os chineses, que também implicam na presença de recursos humanos da China naquele país, tendo comportamentos quase autoritários. É evidente que o peso político brasileiro é muito diferente não possibilitando margens para procedimentos que também estão sendo constatados nos países africanos.
São mencionados outros fatos, como o apoio maciço ao projeto chinês do AIIB – Asian Infrastruture Investment Bank por dezenas de países. O fato concreto é que a disputa de poder não admite vazios, e se os Estados Unidos não contam mais com as condições de influência mundial, o espaço acaba sendo ocupado por outros. Ainda que os devidos cuidados devam ser tomados tanto pelo Brasil como outros países com relação à China.