As Manifestações Populares e os Empresários
17 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Política | Tags: as faltas de sintonias, grandes empresas e pequenas consultorias., os bancos, os noticiários e as empresas jornalísticas
Nos processos políticos, nem sempre a lógica é o meio mais adequado para as suas análises. Existem discrepâncias entre os desejos e as restrições da realidade, sendo que os grandes empresários brasileiros estão conectados mais com as últimas. Existem na imprensa mecanismos que são utilizados para dar vazão a eventuais tensões entre os responsáveis pelos aspectos editoriais e os interesses empresarias que estão relacionados com as receitas publicitárias, como no caso do Grupo O Globo.
O Grupo O Globo consolidado por Roberto Marinho
Num artigo de autoria da Daniela Lima, publicado na Folha de S.Paulo, informa-se que o vice-presidente do Grupo O Globo, João Roberto Marinho, vem fazendo contatos com o vice-presidente Michel Temer, com o presidente do Senado Renan Calheiros, com ministros do governo Dilma Rousseff, entre eles Aloizio Mercadante, Edinho Silva e Henrique Alves, pedindo moderação em suas ações. Enquanto no noticiário televisivo matérias críticas ao governo são apresentadas com fortes cargas emocionais. Utilizam-se também outros canais controlados pelo Grupo, como Globo News, para preservarem os relacionamentos com os jornalistas responsáveis pela orientação editorial.
Também um artigo de responsabilidade da Raquel Landim informa que muitos empresários de peso, nacionais e estrangeiros, estão intensificando contatos com o mesmo vice-presidente Michel Temer, visando apresentar seus projetos considerando a eventual possibilidade dele vir a assumir o comando do Executivo.
Os principais responsáveis pelos bancos também estão se reunindo com o ministro Joaquim Levy para colaborarem com suas sugestões para um ajuste fiscal menos traumático, eles que possuem um imenso poder de influírem politicamente. Também informa que dezenas de empresários, comandantes de grandes corporações, estão contatando os políticos com o objetivo de que os efeitos deletérios dos problemas políticos atinjam menos a economia.
Os noticiários acabam enfatizando alguns pequenos empresários, que alegando não quererem se imiscuir com os políticos, apresentam proposições para as manifestações populares que possuem pouca lógica para resolverem impasses. Parece indispensável separar os envolvidos em corrupção com os interesses nacionais, pois muitos movimentos emocionais estão inibindo tanto os consumidores como os investimentos que se destinam a recuperar a economia, ainda que num prazo mais elástico.
Na legislação brasileira não há como se evitar os políticos e os seus partidos. Também os difíceis processos judiciais são indispensáveis e avanços só podem ser obtidos com entendimentos utilizando-se as instituições políticas. Não existe mecanismo para o exercício direto dos movimentos de rua, por mais legítimos que sejam as suas reivindicações.
Muitas pessoas de boas intenções imaginam que existem caminhos mais curtos ou que basta colocar os problemas. Parece indispensável que sejam traçadas algumas medidas para a solução dos graves problemas existentes, com a obediência à legislação existente. Estes problemas são complexos e exigem mais que a boa vontade que podem ser expressas livremente, mas só podem gerar consequências limitadas.
Desprezar trabalhos acumulados ao longo da história, com muitos sacrifícios, não parece a saída mais adequada, ainda que todos desejem soluções urgentes.