As Pesquisas Com os Hibakusha
2 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: 55% se preocupam com problemas físicos., pesquisa da Asahi Shimbun, problemas psicológicos, resposta de 26% dos questionários enviados
Um dos grupos sociais mais pesquisados no mundo estão os chamados hibakusha, ou seja, as vítimas dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, que completam 70 anos daqueles monstruosos crimes desnecessários. Apesar de se tratar de um tema deprimente, imagino que é preciso insistir no assunto para que tais barbaridades não se repitam.
Uma foto chocante das queimaduras provocadas pelo bombardeio atômico, ao que se somam danos da radiação e os psicológicos
Apesar deste site procurar ressaltar os aspectos positivos relacionados com a humanidade, não se pode deixar de registrar os lamentáveis equívocos que continuam cercando as avaliações dos efeitos das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki e sobre os quais não aprendemos suficientemente.
Uma pesquisa enviada para 22 mil sobreviventes destes bombardeiros pelo jornal Asahi Shimbun, 5.762 deram respostas válidas, ou seja, cerca de 26%. Muitos já estão em idade avançada, outros evitam se envolver em recordações desagradáveis, mas, passados 70 anos, este percentual de respostas deve ser considerado expressivo.
Todos sabem que estes sobreviventes são acompanhados por exames médicos frequentes, inclusive sobre os seus descendentes, e os efeitos físicos constatados foram menores do que se estimavam inicialmente. Na realidade, ninguém conhecia quais seriam os efeitos das radiações sofridas. Mas o que parece evidente é que existem efeitos psicológicos sobre os quais os japoneses sempre deram e continuam dando menor atenção, inclusive sobre as vítimas de Fukushima.
Comparado com os ocidentais, parece ser da natureza dos japoneses este comportamento. Muitas das pressões e angústias são consideradas problemas individuais e faz parte da cultura japonesa suportar os sofrimentos das pessoas, como se pudessem ser superados pelas suas vontades, quando tudo indica que seriam mais facilmente contornados com a ajuda de psiquiatras e psicólogos que são relativamente pouco utilizados no Japão.
As pesquisas com estas vítimas começaram a partir dos danos das radiações sobre as peles. Muitas organizações internacionais as efetuaram gerando conhecimentos que hoje são utilizados mundialmente pela indústria farmacêutica, notadamente de cosméticos. Os efeitos sobre tumores e leucemias também foram intensamente estudados, inclusive sobre os seus descendentes, havendo muitos casos que tiveram mortes prematuras, mas em percentual abaixo do que se supunha.
A recente pesquisa indicou que 55% dos sobreviventes ainda teme os efeitos sobre a sua saúde e metade sobre os seus descendentes também. Como não existem evidências fortes sobre estes danos, as preocupações devem ser atribuídas aos impactos psicológicos que também acabam sendo importantes tanto quanto os físicos.
63,5% das respostas entendem que o risco do uso de armas atômicas continua crescendo. Ainda assim, 43,7% entendem que a ajuda norte-americana para a segurança do Japão é inevitável. Mais de 50% julgam que suas experiências não foram suficientemente divulgadas para alertar as novas gerações.
Como todos sabem, a energia atômica continua sendo amplamente utilizada nos países que não contam com outras para sustentar o seu desenvolvimento, e ninguém conseguiu equacionar adequadamente os problemas de armazenamento dos seus resíduos por longos períodos como os necessários.