Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Tentativas de Reduzir as Perplexidades dos Tempos Atuais

28 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: as contribuições nunca são isentas, esforços para reflexões., tentativas para esclarecer muitas vezes aumentam as confusões

imageO suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico faz um esforço honesto no sentido de provocar reflexões equilibradas com base nos seus artigos. Nem sempre isto é possível, pois os autores deles contam com depoimentos de pessoas que, por mais isentas, expressam suas convicções ou baseiam-se em estudos existentes que adotam posições claras. Isto pode gerar mais controvérsias que esclarecimentos.

Dois artigos de peso, um de Ricardo Arnt, jornalista que aborda o programa “Inventores do Brasil”, elaborado para uma TV a cabo e dirigido por Bruno Barreto, com roteiro de Fernando Henrique Cardoso, com a colaboração de Elio Gasperi. E outra do editor Bruno Yutaka Saito, “Civilização em estresse permanente”, utilizando a psicanálise para tentar refletir sobre a situação atual.

É evidente que os autores não pretendem ser neutros para as reflexões necessárias, pois os entrevistados, depoentes e os documentos utilizados para as pesquisas possuem posições definidas, colocando seus pontos de vista sem que haja a possibilidade de considerar todas as que se antepõem a elas, como seria desejável. Para se chegar a uma conclusão, se ela for possível, é que variadas interpretações sejam utilizadas, para que o leitor chegue à sua, tentando se livrar das muitas dúvidas.

Mesmo com toda a ampla experiência de Fernando Henrique Cardoso, a sua formação básica é de um sociólogo, ainda que tenha também transitado pelo estudo da história, que não chegou a ser academicamente profundo. Ele sempre teve a habilidade de aproveitar rapidamente estudos mais profundos feitos pelos seus colegas, e desempenhando papel político até chegar a presidente da República, certamente tem suas posições sobre as diversas contribuições para entender o Brasil, principalmente daqueles que deram a sua colaboração para formular um resumo das mais variadas interpretações. Sempre haverá posições contrárias a elas, não podendo ser consideradas isentas.

Certamente, existem os que imaginam que a psicologia e a psicanálise ajudam a proporcionar algumas respostas às perplexidades que vigoram na interpretação do momento atual, mas elas são também motivos de controvérsias na medida em que muitos interpretam que são voltadas para as individualidades, quando as posições coletivas acabam predominando nas sociedades, notadamente as consideradas mais democráticas. E nelas parece que nem sempre predominam as racionalidades, mas as emoções que determinam muitos movimentos do tipo “Maria vai com as outras”.

Mas há que se admitir que considerações multidisciplinares podem sempre ajudar nas interpretações possíveis, desde que também outras contribuições como as históricas, políticas, sociológicas e antropológicas possam também ser feitas. E neste sentido, parece que muitas dúvidas possam ser acrescidas, pois a possibilidade uma unanimidade é baixa, havendo explicações variadas.

Se mesmo a história pode ser revisada, há que se entender que, no calor do processo que ainda está transcorrendo, uma formulação aceitável é sempre mais difícil. E uma exagerada simplificação ou sistematização acaba prejudicando a interpretação deste complexo processo que envolve diversas facetas, inclusive alguns incidentes.