Onde Fracassamos na Formação dos Brasileiros

21 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Educação | Tags: a análise dos jornalistas, compreensão mais profundas dos problemas que enfrentamos., confusão da quantidade com a qualidade, os participantes das demonstrações populares, queixas sobre os políticos | 6 Comentários »

A coluna da Folha de S.Paulo trouxe uma nota de Marcelo Coelho, um experimentado jornalista com formação de sociólogo, sobre suas observações das demonstrações populares na Avenida Paulista no domingo passado.

As manifestações contra o governo na Avenida Paulista

Ele informou que, insatisfeito com a cobertura da TV sobre as manifestações contra o governo pelo Brasil, foi à Avenida Paulista para embasar suas observações. Encontrou muitos manifestantes de idade madura. Alguns expressavam um radicalismo que o surpreendeu, com muitos considerados líderes desinformados sobre os processos em andamento, bem como as personagens envolvidas, expressando seus equívocos nos carros com microfones e autofalantes.

A pergunta que pode ser levantada é sobre a responsabilidade na formação destes brasileiros, muitos portadores de diplomas universitários. A conclusão óbvia parece ser o sistema de educação que estamos oferecendo, a começar dos pais para filhos, os diversos níveis educacionais até chegar ao universitário.

Manifesto minha inconformidade começa com muitos pais que conduzem seus filhos nos seus carros para as escolas iniciais escolhidas. Vejo todas as manhãs eles transgredirem as regras de trânsito, atravessando faixas sinalizadas duplamente ou linhas contínuas, indicando que são lugares onde não se pode passar de uma faixa para outra, de quem vem em sentido contrário. Ou estacionarem, mesmo temporariamente, em fila dupla pela falta de preparo da parte da escola para a chegada dos alunos, com total desrespeito aos outros que transitam por estas ruas. Todos sabem que discursos são menos eficientes que exemplos, pois as crianças estão recebendo a mensagem que as leis não são válidas para os seus pais e, portanto, para elas também.

Para resumir a história, reporto-me a minha solicitação de demissão, há muito tempo, de um cargo estável numa das faculdades da Universidade de São Paulo. Ministrava uma matéria no quinto ano, portanto, o último para o aluno ser diplomado. Verifiquei numa prova que ele tinha chegado ao final do curso sem a capacidade de redação, certamente com a conivência de muitos professores. Ele, possivelmente, era um gênio, pois a prova só tinha associação de palavras que procurava ligar. Não utilizava o verbo e suas indicações eram feitas com flechas, para cima, para baixo ou no mesmo nível, para insinuar as relações que as ligavam. Isto na Universidade de São Paulo, que agora passa atualmente por uma crise, pois seus dirigentes se concentram nas dotações dos recursos para assegurarem suas aposentadorias, com prejuízos nos aperfeiçoamentos dos cursos ministrados.

O resultado parece estar aí, com a formação de cidadãos se movendo mais pelas emoções, sem que o mínimo de lógica ou respeito à legislação existente seja considerado relevante, sem nenhuma compreensão das nobres atividades políticas que deveriam ordenar as convivências de pessoas com pensamentos diferentes numa sociedade civilizada.