Preocupantes Indicações do El Niño Neste Ano
20 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: aéreas de carência de chuvas, áreas de exageradas precipitações, irregularidades climáticas, possibilidades preocupantes para o Brasil., um balanço efetuado pelo The Economist
El Niño é um dos fenômenos climáticos mais estudados há séculos em todo o mundo. A revista The Economist traz duas matérias de peso sobre o assunto, com os dados já existentes deste ano sobre os aquecimentos das correntes marítimas no Pacífico.
Ilustração do The Economist mostrando o aquecimento das correntes marítimas no Pacífico, que chegam à America do Sul na região do Peru, com base nos dados da NOAA – America’s National Oceanic and Atmospheric Administration.
Um dos artigos informa sobre o mecanismo de formação do El Niño, quando a corrente marítima no Pacífico equatorial apresenta uma elevação acima de 26,5ºC como está ocorrendo neste ano, deslocando-se em direção à America do Sul, provocando diversas consequências lamentáveis e algumas positivas.
Uma danosa é o aumento de fenômenos como tufões violentos no Pacífico e no Atlântico, ao mesmo tempo em que aumenta as precipitações de chuvas em determinadas regiões, como já estão ocorrendo na Argentina até o sul do Brasil. Outras regiões ficam com menos chuvas como aconteceu na Califórnia, que já vem sofrendo a seca por alguns anos, que pode receber algumas chuvas e também no Brasil Central onde a estiagem está violenta. Muitas safras agrícolas serão afetadas em todo o mundo.
Alem de expressivos prejuízos com os desastres climáticos, o Brasil já experimentou nas ocorrências passadas do El Niño sensíveis reduções de algumas safras agrícolas, afetando o abastecimento e provocando tensões inflacionárias. Isto também ocorre em outras regiões do mundo, tanto na Ásia, América do Norte como na África, transformando-se num problema mundial. As indicações são que a deste ano, que deverá ser estender no mínimo pelo próximo, está entre as mais fortes registradas ao longo das séries de dados coletados por muitas e muitas décadas.
Os dados deste ano já estão completos, mostrando que o El Niño deve estar entre os mais violentos já ocorridos. O chamado ENSO – El Niño Southern Oscillation indica fortes chuvas no Sudeste da América do Sul, Oeste da América do Norte e África Oriental, e secas na Austrália, Índia e Indonésia, além do desaparecimento das anchovas na costa do Peru. Durante o mês de julho, a temperatura de superfície do Pacífico Equatorial Central foi quase 1ºC mais elevada do que a esperada, e no Pacífico Oriental foi mais de 2ºC acima da expectativa. Em 12 de julho ocorreram seis ciclones, mais do que qualquer dia em mais de quatro décadas.
Ainda que a economia brasileira esteja sobrecarregada por variados problemas, as possibilidades de assistir as populações atingidas pelas fortes precipitações que provocam inundações e deslizamentos, com o devido aparelhamento de sua defesa civil. Também deve providenciar um mínimo de estocagem dos produtos agrícolas mais sensíveis no abastecimento, pois são problemas agudos de emergências, cujas probabilidades de ocorrem são infelizmente elevadas.
Não existem evidências científicas que comprovem que estes problemas decorrem das ações humanas afetando a poluição atmosférica, mas existem significativas desconfianças dos especialistas. Devem afetar as decisões mundiais que procuram estabelecer metas para a sua redução ainda neste ano que implicam também em elevados custos.