Professor do MIT e o Engenheiro do Futuro
3 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Educação | Tags: artigo no Valor Econômico, criatividade que exige conhecimento de ciências sociais e de arte, novos enfoque que faltam também no Brasil. | 2 Comentários »
Um interessante artigo foi elaborado por Leticia Arcoverde e publicado no Valor Econômico sobre as conclusões a que chegou o professor Donald Sadoway, do MIT. As distorções de muitos engenheiros na sua formação são apontadas por ele, inclusive dos que atuam no setor econômico no Brasil sem conhecimentos de ciências sociais ou uso adequado de estatísticas.
Foto de um grupo no MIT – Massachusetts Institute of Technology, que vai muito além da engenharia
Donald Sadoway aponta que os engenheiros do futuro precisam conhecer, além de ciências exatas relacionadas com a engenharia, também ciências sociais para ajudar a desenvolver sua criatividade, pois suas atividades não ficam restritas aos conhecimentos indispensáveis à engenharia no passado.
Ele é um professor que se consagrou no MIT no ensino e nas pesquisas. Estas, além de identificar os problemas, precisam apontar as soluções para as mais variadas questões, criando e construindo algo melhor do que existe atualmente, exigindo também algo de artístico. Ele desenvolveu a bateria de líquido com o auxílio de seus alunos e deverá fazer uma palestra no Brasil num evento da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração.
Ele afirma que os engenheiros precisam ser melhores em construir coisas, indo vai além do que efetuavam no passado, e é o que acontece na vida real. Precisam de conhecimentos como os das ciências sociais para servirem melhor à humanidade.
Trata-se de ensinar criatividade, o que não é uma mudança fácil para qualquer universidade. Para os engenheiros serem eficientes nos seus trabalhos necessitam atuar com outros profissionais em equipe, até para dirigir uma empresa de tecnologia. Também precisam de capacidade de comunicação para convencer outros sobre as soluções encontradas.
No ambiente universitário, devem conviver com outras pessoas para adquirirem as habilidades de quando estiverem trabalhando nas empresas, não se restringindo a passar pelas provas a que estão sujeitos. Hoje, no MIT, onde ele trabalha há 40 anos, um quarto dos cursos é de disciplinas não técnicas, mas temas ligados aos negócios, gestão e liderança, com constantes modificações nos currículos.
No Brasil, muitos são os engenheiros que atuam no setor financeiro, pois contam com conhecimentos da matemática e da computação. No entanto, não possuem conhecimentos de comunicação e outras ciências sociais que condicionam suas atenções, inclusive de política e das limitações econômicas e organizacionais. Também acreditam exageradamente nos modelos que utilizam a estatística, quando deveriam ser mais modestos para entenderem que eles são simplificações e não asseguram a sua validade, mas estão dentro de possíveis margens de probabilidades. Deveriam ter absorvido que os modelos podem ser superados nas suas capacidades de explicação por outros que, utilizando hipóteses diferentes, não sejam rejeitados pelos dados aproximados da realidade. As técnicas estatísticas não aprovam os modelos utilizados, simplesmente não as rejeitam.
A arrogância de muitas ignorâncias ou até da tentativa de convencer outros que possuem conhecimentos sofisticados acabam iludindo a si próprios, pensando que são portadores da verdade quando possuem somente uma razoável aproximação delas.
Com conhecimentos mais amplos, acabam ficando mais humildes e, contando com uma grande dose de criatividade, podem desenvolver soluções adequadas para muitos problemas, ainda que possam ser superados por estudos mais apurados.
Uma das soluções possíveis para estes problemas foram obtidas na SUTD – Singapore University of Technology and Design, como temos apontado neste site, onde a MIT tem uma ativa participação, junto com outras universidades que complementam suas possibilidades, fornecendo uma concepção de ensino mais atualizada.
Excelente !
Cara Setsuko Watanabe,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota