Baixíssima Credibilidade do Governo
10 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a promessa já não funciona, anúncio de medidas de corte das despesas, compreensão do Congresso.
Ainda que o rebaixamento do rating da S&P seja grave, complicando o quadro futuro da economia brasileira, o governo precisa entender que a sua credibilidade está baixíssima e a promessa de superávits fiscais já não é suficiente. É preciso o anúncio de cortes nas despesas públicas, pois também as receitas futuras só são potenciais, com baixa possibilidade de efetivar-se.
É preciso que a presidente Dilma Rousseff entenda que suas promessas não surtem mais efeitos
Mesmo que não seja somente da presidente Dilma Rousseff a responsabilidade sobre a atual situação precaríssima da economia brasileira, no sistema presidencial e imperial atualmente existente no Brasil, a chefe do Governo acaba tendo o papel fundamental, e sua credibilidade está tão baixa que sua palavra provoca poucos efeitos. É preciso que medidas concretas sejam tomadas e depois anunciadas, pois há constantes mudanças de orientações, parecendo não existir uma consciência da gravidade da situação e que medidas de efeitos duvidosos ainda sejam capazes de reverter à situação.
As expectativas das receitas tributárias foram frustradas para gerar o superávit fiscal indispensável, pois a queda do nível de atividade acelerou a redução dos recolhimentos das tributações, pois a inadimplência acabou sendo a opção menos danosa para muitas empresas, ao lado da brusca redução do nível de atividades dos últimos meses. Portanto, nem o anúncio do aumento da tributação, dolorosa para todos, gera as receitas projetadas. O que passa a ser indispensável é o corte efetivo de despesas, pois sempre existem espaços na administração pública que nem são conhecidos dos governantes. O simples adiamento dos desembolsos não geram os montantes necessários, nem convencem os agentes econômicos que a economia brasileira caminha para os objetivos almejados.
Trata-se de uma situação de guerra e todos os sacrifícios duros vão ser indispensáveis, ainda que atinjam sempre os menos favorecidos. No período que resta ao governo, que não se sabe ao certo quanto é, só cabe a ele efetuar até as antipáticas reformas que criem expectativas de recuperação futura, certamente demorada. Se ocorrer uma eventual mudança de governo, com renúncia ou impeachment, o novo governo terá necessidade de maior tempo para capacitar-se a efetuar as grandes reformas indispensáveis, que provocam desgastes políticos a quem estiver no comando do país.
Estas situações extremas provocam condições para o surgimento eventual até de figuras de estadistas. Para a bibliografia de Dilma Rousseff, todas as limitações passadas podem terminar com um capítulo do seu sacrifício político pessoal, efetivando as reformas mais antipáticas para a população e para a classe política, mas indispensáveis para o Brasil.
As primeiras reações das autoridades diante da baixa do rating da S&P com a perda do grau de investimento não foram boas. Aparenta não ser tão grave e não seria seguida por outras agências, dentro de um mundo globalizado que também se encontra num quadro adverso. O governo parece fora da realidade, quando deveria se procurar transformar o “limão em limonada”.
É no trauma provocado pelo choque que se deve aproveitar para promover a cirurgia, sem nenhuma promessa que não é mais crível para todos. Acabou a farsa, é preciso cair na real, e, quanto mais cedo isto ocorrer, seus efeitos podem ser mais rápidos.