Evitando Dilemas Éticos Para Parentes e Médicos
29 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: artigo no New York Times publicado na Folha de S.Paulo, cuidados recomendáveis, preferências individuais.
Este é um assunto que muitos gostariam de evitar, mas que ajudam a reduzir os dilemas éticos para parentes e médicos, que estão sendo tratados com cautela num artigo publicado por Paula Span, do New York Times, e republicado em português na Folha de S.Paulo.
Foto que ilustra matéria publicada em português na Folha de S.Paulo
Muitos já passaram por problemas com familiares que estariam facilitados se todos nós deixássemos claras algumas vontades sobre os procedimentos que gostaríamos de receber quando necessário.
O artigo refere-se à experiência de Elizabeth Evans quando seu marido precisou de decisões sobre medidas médicas para seus últimos dias. Para evitar dilemas para parentes e médicos, ela recomenda que todos deixem claros as suas vontades, o que parece de bom senso. Muitos geriatras tratam de assuntos dolorosos com objetividade quando os pacientes só podem receber cuidados paliativos.
Sempre há indicações que estas decisões sejam antecipadas, não deixadas para períodos tensos e dramáticos, pois permitem soluções mais racionais. Mas deve se compreender que estes assuntos envolvem aspectos emocionais e até religiosos, dependendo da vontade de cada um, não havendo uma regra fácil de ser seguida.
As culturas são diferentes para os distintos povos no trato destas questões. Os japoneses, por exemplo, são mais pragmáticos e tendem a enfrentar estas questões como naturais e inevitáveis, não havendo necessidade de traumas, que não ajudam a ninguém. Na tradição budista, o natural é a cremação, a partir da qual se realiza uma refeição conjunta, como expressando que o falecido não gostaria que seus amigos e parentes ficassem tristes com os acontecimentos inevitáveis.
Muitos ocidentais são mais emotivos e no passado havia até o costume das carpideiras que ficavam lamentando o acontecido durante o funeral. Não parece que tais procedimentos ajudem os familiares.
Muitos pacientes ficam inconscientes, vivendo artificialmente com aparelhos que os ajudam, até por períodos longos, quando não existem mais meios médicos para restabelecer a sua saúde. Estes e outros cuidados heroicos costumam ser custosos, em nada ajudando a todos, pacientes e parentes. Um pouco de pragmatismo parece ser recomendável, ainda que não seja pelo custo.
As discussões sobre estes assuntos podem ser mais tranquilas quando as perspectivas dos problemas estão mais distantes.