Indigos Japoneses Anteriores aos Jeans
23 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: museu em Tóquio, técnicas da época Edo, usados em yukatas e outras peças.
Os índigos de azul ficaram conhecidos mundialmente pelos jeans, mas os japoneses já os produziam desde a época Edo (1603-1867) e num pequeno museu existem 10 mil estênceis de papel washi com motivos que remontam à Era Meiji (1868-1912).
Foto que ilustra artigo publicado no Yomiuri Shimbun
Num artigo de Naho Osawa, com foto de Taku Yaginuma, um artigo publicado no Yomiuri Shimbun informa sobre um pequeno museu de índigo, com técnicas originais que começaram a ser utilizados na época Edo (1603-1867), chamado Aizome Hakubutsukan.
Foi inaugurado em 2000 pelo pai de Yukihiro Fujisawa, o atual chefe da família responsável pela instituição com mais de 10 mil padrões originais que utilizavam estêncil de papel washi (resistentes utilizados nas divisórias) para traçar os motivos em tecidos com as técnicas tradicionais. A maioria era utilizada para a produção de yukata, uma espécie simples de quimono usada informalmente para momentos de relaxamento, notadamente no verão ou nas residências.
A técnica de tingimento chamada nagaita-zome, onde ambos os lados são idênticos com motivos mais variados e elegantes, em tecidos de algodão amarrados com elásticos que são imersos em um tanque de corante índigo, que oxida e, quando exposto ao ar, passa do branco para o verde e finalmente para o azul em um minuto. Com o tempo, vai se tornando mais escuro.
Os que estão expostos foram todos índigos tingidos pela família, especializado neste processo, o que já se estende por três gerações e mais de um século. No shogunato Tokugawa, estes motivos simples estampados em tecidos de algodão se tornaram populares para dar aos usuários uma aparência modesta.
No Japão, existe uma política para prestigiar as técnicas originais destes artesanatos (que no Brasil são desvalorizados como populares), mas não se fazem distinções com as artes, por serem peças únicas elaboradas a mão. O Imperador pode conceder os títulos de “tesouro nacional vivo”, e suas produções acabam se voltando aos museus adquiridos pelos governos.