Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Funcionamento Inverso do Acelerador na Economia

15 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no Wall Street Journal, demanda de robôs, o problema com a logística na crise

Existem alguns fenômenos na economia como o multiplicador e o acelerador, que aumentam os efeitos positivos e negativos das flutuações durante as ascensões como nos períodos de depressão, que precisam ser bem entendidos.

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Os estudantes de economia aprendem nos cursos elementares que existem ciclos que são difíceis de serem neutralizados

Um artigo de Paul Page publicado no The Wall Street Journal informa que nos serviços relacionados com a logística está ocorrendo substanciais quedas das demandas diante da diminuição das atividades econômicas em todo o mundo, o mesmo acontecendo com a procura por robôs, pois as indústrias estão restringindo drasticamente as encomendas de equipamentos. Com este fenômeno os economistas aprendem que funciona um mecanismo denominado acelerador, tanto nos seus efeitos positivos como negativos. Diferem dos multiplicadores, onde os efeitos das ascensões acabam afetando toda a economia de forma menos drásticas.

Estes efeitos, como o do multiplicador, ocorrem com as matérias-primas e componentes utilizados, por exemplo, pelas indústrias, que reduzem ou aumentam as encomendas de acordo com as tendências observadas na economia. No entanto, no caso de equipamentos ou serviços de logística, observa-se uma flutuação mais exagerada, pois suas encomendas chegam a zero na fase depressiva, pois as empresas continuarão utilizado os que já possuem e podem estar até ociosas. As indústrias que produzem estes equipamentos são mais fortemente afetadas, como também são beneficiadas quando a economia se encontra numa fase de ascensão.

Muitas empresas de logística estavam encomendando navios, inclusive de grandes dimensões, quando a economia mundial estava crescendo, nos anos passados. Na média até 2010, o crescimento baixou para 3% ao ano, quando no período 1983 a 2008 era de 6% ao ano. Agora, houve uma inversão no mundo para níveis negativos em alguns países, e muitos navios estão ociosos e a encomenda de novas unidades está próxima de zero, pois até a depreciação dos navios não está sendo reposta. Estas empresas com encargos dos financiamentos recebidos ficaram em situação financeira precária. Algo semelhante está ocorrendo na indústria produtora de robôs, como no geral na maioria dos setores produtores de equipamentos.

Ainda que os responsáveis pelas políticas econômicas dos diversos países procurem adotar políticas anticíclicas, estes fenômenos globais são difíceis de serem neutralizados, como está se constatando. Estes fenômenos são perversos e mesmo nas economias com forte comando centralizado, como na China e, infelizmente, no Brasil, estes ciclos são mais difíceis de serem minimizados.

Tudo isto exige cuidados que somente analistas experientes com visões de longo prazo podem detectar. Na maioria dos países emergentes, inclusive no Brasil, come-se da mão para a boca, e os fenômenos só são detectados depois de já instalados, acabando por alongar os ciclos usuais. Quanto mais a indústria pesada tem importância na economia, este fenômeno do acelerador acaba tendo efeitos mais drásticos, e como no Brasil restaram somente as mais leves, a recuperação pode ser mais rápida.