Os Temores das Contaminações por Radiação
23 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: experiências desde os bombardeios atômicos, os problemas dos resíduos contaminados em Fukushima., riscos menores que os preconceitos | 2 Comentários »
Ainda que não devam ser subestimadas, as contaminações decorrentes das radiações aparentam ser menos graves que os preconceitos sobre elas, notadamente quando são em graus baixos.
Foto de áreas que serviram de depósitos de materiais radioativos e deverão ser devolvidas aos antigos donos publicada no Yomiuri Shimbun
Os levantamentos sistemáticos sobre a saúde dos sobreviventes dos bombardeiros atômicos de Hiroshima e Nagasaki parecem revelar que os efeitos das radiações, mesmo graves, são menores do que se estimava inicialmente. O que parece existir é um grave preconceito e tudo indica que também no caso de Fukushima teria havido um exagero das áreas consideradas perigosas, que estão dificultando seus retornos para as atividades normais, como também ficou patenteado num levantamento fotográfico sobre a região.
Agora, as autoridades de Minami-Soma, na prefeitura de Fukushima, procura devolver as áreas utilizadas temporariamente como depósitos de materiais contaminados para os antigos proprietários, mas o processo parece difícil, pois toda a região conta com poucos retornados, diante dos preconceitos existentes sobre possíveis efeitos sobre a saúde. Procuram não renovar o aluguel destas áreas usadas como depósitos temporários.
Ainda que diversas autoridades japonesas procurem tomar medidas para a retomada econômica da região atingida, poucos são os que aceitam mesmo os retornos para suas regiões de origem, ficando limitados para os idosos e os que não possuem alternativas.
A situação no Japão é agravada pela redução da população, o que deixa muitas áreas desocupadas e sempre os moradores preferem locais que não apresentem problemas e contem com assistências sociais intensas, notadamente para atendimento dos idosos, contando com as demais facilidades.
Tudo isto vem estimulando atividades como as que estão sendo lideradas pelo ex-primeiro-ministro Junichiro Koizume pela abolição do uso da energia atômica no Japão, que sempre contará com restrições de parte da população japonesa. Parece que são problemas muito mais graves do que os enfrentados em alguns países emergentes.
Ajudaria muito se as análises fossem feitas por órgãos independentes.
A Monsanto lidera pesquisa sobre o produto que vende, o transgênico, por exemplo.
O governo japonês fornece os estudos sobre as áreas contaminadas.
Acho que a confiança é baixa por que quem fornece a informação positiva é o principal interessado.
Isso também aumenta o preconceito.
As análises são independentes?
Caro Hugo Penteado,
Trabalha-se com os dados disponíveis, e mesmo que existam sempre muitos interesses comerciais não me parece que todos devam ser considerados viesados, pois estes interesses podem trazer também benefícios. Parece sempre ser realístico trabalhar-se com o Second Best não ficar no campo do que parece o ideal. Veja o que estou postando sobre o uso do diesel, onde os alemães foram pegos com muitas distorções, assunto que está sendo tratado nos artigos do The Economist.
Paulo Yokota